Embora a rejeição pelos Estados Unidos, na semana passada, de um carregamento de carne processada na planta de Barretos (SP) do frigorífico JBS tenha sido classificado como um caso isolado e pontual, tanto pela empresa quanto pela Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), o fato acende um sinal amarelo no setor. O motivo alegado para a rejeição foi o excesso de resíduos na carne do vermífugo ivermectina, amplamente utilizado no gado brasileiro.
No ano passado, pelo mesmo motivo, EUA fecharam as portas para a carne brasileira por sete meses.
O estado pode ser considerado de atenção porque, no ano passado, pelo mesmo motivo, os Estados Unidos fecharam as portas para a carne brasileira por sete meses, embargo que só foi derrubado após um acordo que reduziu de 100 para as atuais 10 partes por bilhão, o nível máximo de resíduos de ivermectiva permitido na carne.
O lote da semana passada foi barrado pelas autoridades americanas porque foram encontradas 53 partes do vermífugo para cada bilhão de partes de carne.
Especialistas ouvidos pelo Estado divergem, porém, quanto aos fatores da rejeição. "Pode ocorrer de o pecuarista ver-se tentado a vender o animal antes do prazo para aproveitar um pico de preços", diz o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Pedro Paulo Pires, colocando a falta de observação aos prazos de carência entre a última aplicação e o abate como possível motivo. Opinião refutada, porém, pelo pesquisador do Centro de Pesquisa em Pecuária de Corte do Instituto de Zootecnia Leopoldo Figueiredo. O pecuarista é quem mais tem interesse em respeitar as regras, principalmente quem exporta, afirma.
São criadores muito profissionais para correr este risco, reitera o diretor-técnico de uma empresa fabricante de medicamentos veterinários, Henry Berger. Para ele, o mesmo se aplica aos frigoríficos.
Já a metodologia utilizada pelas autoridades sanitárias americanas é posta em questão pelos três. "O comum sempre foi a análise de tecidos do fígado e do rim dos animais. Mas, de um tempo para cá, passou a se considerar também tecidos musculares. E isso parece ter sido decidido unilateralmente, sem embasamento técnico", acredita o veterinário e gerente técnico da mesma empresa, Edson Luiz Bondin. Pires, da Embrapa, questiona também os níveis de aceitação, deliberados pelos americanos. "Na Europa, os níveis permitidos são outros", diz ele, reforçando da tese de que o embargo se vale de argumentos técnicos para não ser classificado como uma possível barreira comercial.
Fonte:
O Estado de São Paulo. Por Leandro Costa. 24 de agosto de 2011.
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