Apesar dos fundamentos sólidos, o mercado internacional do milho não conseguiu sair imune do comportamento de pânico observado nos mercados globais ao longo da semana passada.
O agravamento da crise na zona do euro, aliado à dificuldade de recuperação econômica dos EUA, acabou por derrubar os preços das commodities agrícolas. Consequentemente, os preços futuros do milho negociado em Chicago retrocederam mais de 7% na semana passada.
O processo de valorização global do dólar observado nas duas últimas semanas também ajudou a depreciar os preços das commodities agrícolas em um movimento onde os investidores buscaram reajustar os preços dos grãos diante de um novo cenário de cotação do dólar.
No Brasil, a queda dos preços externos do milho teria impacto sobre o desempenho das exportações brasileiras do cereal. No entanto, o que se observa é que a paridade de exportação do milho no Brasil foi compensada em boa parte pela desvalorização do real perante o dólar.
Significa dizer que, até o momento, as estimativas de exportação de milho pelo Brasil em 2011 (cerca de 9 milhões de toneladas) não deverão ser afetadas pela queda dos preços internacionais das commodities.
A grande preocupação, no entanto é se o pânico observado no mercado financeiro irá contaminar a economia real. Até agora, as grandes vítimas da crise financeira são os países desenvolvidos.
Porém, se a crise atual se alastrar de forma mais profunda nos emergentes, aí sim o desempenho das exportações poderá ser afetado.
Enquanto isso não se concretiza, os preços do milho no mercado doméstico seguem em ritmo de valorização. Os preços praticados atualmente estão deixando os produtores rurais extremamente animados com a safra 2011/12.
Porém, a situação delicada da economia global não deixa de ser uma grande preocupação. Diante desse cenário, muitos produtores estão buscando prefixar os preços do milho para evitar riscos.
É uma pena que essa ferramenta ainda não esteja difundida em todas as regiões de produção, o que acaba por elevar o risco do produtor rural diante de um quadro de incerteza econômica.
Fonte: Folha de São Paulo. Por Leonardo Sologuren. 26 de setembro de 2011.