Os produtores de Minas Gerais já comercializaram 21% da safra 2011/12 de soja, segundo os dados da consultoria Safras & Mercado, empresa especialista em análise do agronegócio. Os preços valorizados no mercado e o receio em relação à evolução da crise financeira na Europa e nos Estados Unidos contribuíram para que os negócios fossem antecipados. No mesmo período da safra passada, o índice de negociações futuras da oleaginosa era de 14%. Na média dos últimos cinco anos, o índice também é de 14%.
De acordo com o analista sênior Flávio Roberto de França Júnior, o estado está acompanhando o ritmo de vendas antecipadas observada nas demais regiões produtoras do país. Os produtores brasileiros de soja negociaram 22% da safra 2011/12, em igual período do ano passado a comercialização envolvia 18%.
"Os preços atuais estão valorizados, gerando bom lucro aos produtores, e os contratos futuros estão sendo firmados baseados nestes valores. O aumento no ritmo das negociações se deve, principalmente, aos preços altos. A tendência para a próxima safra é de expansão na produção, o que poderá impactar negativamente nos preços da soja", disse França.
Segundo os dados da consultoria, a saca de 60 quilos de soja é negociada atualmente a R$48, no Triângulo Mineiro. O valor representa alta próxima a 30% se comparado com os preços praticados em igual período do ano passado.
"A valorização da soja se deve aos fatores climáticos desfavoráveis observados em Minas Gerais ao longo dos primeiros meses do ano, o que contribuiu para uma queda na produtividade e, conseqüentemente, na oferta. Além disso, a safra norte-americana do produto também será menor, isto vem comprometendo a oferta, já que os estoques estão baixos e a demanda é alta", disse.
A demanda aquecida no mercado mundial, principalmente pela procura chinesa, e a manutenção dos preços do grão em patamares rentáveis irão favorecer os investimentos na aquisição de sementes com alto potencial produtivo, aplicação de novas tecnologias, na recuperação de áreas de pastagens degradadas e na utilização destes espaços para o desenvolvimento da cultura.
De acordo com os dados da Safras & Mercado, em Minas Gerais é esperado um aumento de 9,8% na produção. A estimativa é que em 2012 sejam produzidos no estado 3,130 milhões de toneladas, contra as 2,850 milhões de toneladas na safra 2010/11.
Além do aumento esperado na produtividade, também serão feitos investimentos na expansão da área ocupada. Hoje a cultura é desenvolvida em 1,03 milhão de hectares e a projeção da consultoria é de que em 2012 a área alcance 1,6 milhão de hectares.
Em Minas Gerais, a safra 2010/11 foi prejudicada pelo veranico observado entre janeiro e fevereiro e pelas chuvas na época da colheita. O primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontava para a ampliação da cultura, que foi estimulada pela retomada da renda dos produtores e a maior liquidez no mercado internacional frente ao milho.
A expectativa era colher cerca de 3,04 milhões de toneladas, valor 5,9% maior que o obtido no ano safra 2009/2010. Mesmo com as interferências climáticas, o quadro foi favorável para a lucratividade dos produtores, que diante da demanda aquecida conseguiram minimizar os prejuízos.
Com uma produção de 2,8 milhões de toneladas, o Valor Bruto de Produção (VBP) da soja recuou 10,5% na safra 2010/11, alcançando R$2,101 bilhões.
De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), as exportações do grupo soja (grão, farelo e óleo), entre janeiro e agosto, somaram US$496,6 milhões, com expansão de 57,29%. Ao todo foram enviados ao exterior 848 mil toneladas do produto, alta de 13,70% em relação ao volume exportado em igual período do ano anterior. A cotação da tonelada apresentou alta expressiva, 38,34%, o volume foi negociado em torno de US$584,83.
Fonte: Diário do Comércio. Pela Redação. 26 de setembro de 2011.