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Scot Consultoria

Custo está em aberto


Segunda-feira, 3 de outubro de 2011 - 09h52

A trajetória ascendente do câmbio está trazendo preocupação ao produtor mato-grossense. Uma parcela deles adquiriu insumos para o plantio da safra 11/12 de soja de revendas e tradings, mas o valor a pagar está fixado em dólar e, portanto, segue em aberto. O saldo a pagar só será conhecido no momento da liquidação, geralmente após a colheita, em março do próximo ano. Conforme aponta o superintende do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), Otávio Celidônio, para preparação desta nova temporada cerca de 5% do total desembolsado para a compra de insumos – sementes, fertilizantes e defensivos – está fixado em dólar para o pagamento a prazo. E a maior parte dessas negociações foi feita entre o final do ano passado e nos primeiros meses de 2011, quando a taxa média do câmbio girava em torno de R$1,57. A opção na hora de adquirir os insumos ficou em 57% para pagamento a prazo, liquidação após a colheita e 43% foram pagos à vista. Dentro desses 57% é que está a parcela de 5% de produtos fixados em dólar. O dólar fechou setembro com valorização acumulada de 13%, com picos que elevaram a cotação para além de R$1,90, patamar registrado pela última vez em fevereiro de 2010. Considerando a última estimativa do Imea sobre o custo de produção desta nova safra, divulgado em agosto, que aponta para um desembolso médio de pouco mais de R$800 por hectare, apenas para aquisição de insumos, os 5% equivalem a uma dívida de US$175 milhões para ser paga até março de 2012. A compra de insumos para cobertura dos 6,62 milhões de hectares desta nova temporada demandou pouco mais de US$3 bilhões em investimentos dos sojicultores. A estimativa de agosto do Imea se baseou em uma taxa de câmbio média de R$1,60. Se no momento da liquidação da dívida o dólar estiver em R$1,60, o sojicultor pagará o equivalente a R$280 milhões. Atualizando o câmbio para R$1,85, a conta vai a R$324 milhões. Neste intervalo, serão R$45 milhões a mais para ser quitado. Esta conta geralmente é paga em sacas de soja. “Mesmo que o dólar impulsione o valor da saca, por exemplo, na hora da conversão há sempre perda”, aponta Celidônio. O analista do Imea, Fernando Luiz Scherer, lembra que os negócios fixados em dólar são sempre um risco, ainda mais em períodos de economia global instável observado desde a crise financeira de 2008. Ele acredita, mas de antemão explica que é difícil mensurar, que os produtores que travaram negócios em dólar devem ter acionado algum tipo de proteção que possa minimizar os efeitos negativos da cotação. Vale lembrar que quando os insumos começaram a ser negociados, há meses, o cenário em relação à moeda norte-americana era de poucas oscilações. “Mesmo assim, há sempre o risco quando se trata de negócios balizados em dólar”. A venda antecipada de soja em Mato Grosso segue adiantada se comparada aos períodos anteriores. Desde março, quando a comercialização atingia 10%, os produtores intensificaram as negociações e na terceira semana de setembro a comercialização atingiu 48% da produção esperada para a safra 11/12. Sendo assim, já foram comercializadas 168 milhões de sacas de soja de uma produção estimada em 352 milhões de sacas (21,1 milhões de toneladas). A região médio-norte, maior produtora do grão, já comercializou 72 milhões de sacas (4,34 milhões de toneladas) tendo ainda para comercializar aproximadamente o mesmo montante de sacas. A região sudeste apresenta o segundo maior volume de produção a ser comercializado, 48,5 milhões de sacas. Fonte: Diário de Cuiabá. Por Marianna Peres. 2 de outubro de 2011.
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