A crise financeira na União Europeia, as restrições da Rússia, o dólar desvalorizado em relação ao real e o "milho nas alturas" derrubaram as exportações brasileiras de carne de frango em setembro passado. Os embarques totalizaram 305,095 mil toneladas, quase 10% abaixo das 337,637 mil toneladas do mesmo mês de 2010, de acordo com a União Brasileira de Avicultura (Ubabef). A receita com as vendas externas subiu 11,4%, saindo de US$590,853 milhões para US$657,987 milhões em igual comparação.
Segundo o presidente da Ubabef, Francisco Turra, o trimestre passado foi "o mais difícil dos últimos tempos para o setor" exportador. De julho a setembro deste ano, os volumes embarcados de carne de frango caíram 7,2%, para 970.306 toneladas. A receita subiu 10,2%, para US$2,039 bilhões.
O dirigente disse que, além dos custos elevados de produção por causa do preço do milho, o setor de carne de frango viu cair suas vendas para a UE, por conta do agravamento da crise financeira no bloco. Segundo ele, Alemanha e Inglaterra, clientes importantes do Brasil, "reduziram bem as compras".
Também caíram as vendas de frango à Rússia, que embargou estabelecimentos exportadores de carnes do Brasil.
Os custos altos de produção e o dólar, que caía em relação ao real até setembro, afetaram a competitividade do setor e levaram alguns exportadores a redirecionar vendas para o mercado doméstico, de acordo com Turra.
No acumulado de janeiro a setembro, os volumes exportados totalizaram 2,898 milhões de toneladas, alta de 1,66% sobre o mesmo período em 2010. A receita subiu 21%, para US$6,038 bilhões.
Apesar do trimestre difícil, a expectativa dos exportadores é encerrar o ano com crescimento entre 3% e 5% nos embarques, já que o último trimestre é historicamente aquecido para as vendas externas e o dólar está se valorizando em relação ao real. "A receita com as exportações deve alcançar US$8 bilhões em 2011, um aumento de US$1,1 bilhão sobre o ano passado", estimou Turra.
Ainda que o horizonte seja incerto em importadores tradicionais de frango, a Ubabef está confiante em novos mercados, como a China. "Só não cresce mais porque só temos 24 plantas habilitadas a exportar". O setor pretende obter a autorização para que outras 41 possam vendar à China.
Fonte: Valor Online. Por Alda do Amaral Rocha. 6 de outubro de 2011.