A indefinição do cenário para o etanol, cuja principal questão de viabilidade econômica esbarra na estabilidade dos preços da gasolina, deve comprometer também o ritmo de expansão do uso do bagaço de cana-de-açúcar para produção de eletricidade, diz Márcio Luiz Perin, analista de energias renováveis da Informa Economics FNP.
O problema é que os preços ofertados pela energia elétrica nos leilões de biomassa estão trazendo melhor remuneração apenas aos projetos de cogeração de usinas novas. Assim, como não há previsões de aportes em indústrias novas, também há indefinição sobre como se dará a expansão em bioeletricidade nesse setor. "Apenas 30% das usinas sucroalcooleiras do país geram energia com bagaço. Se o governo quiser aproveitar esse potencial, terá de ter política setorial específica", afirma Perin.
Ele explica que os preços que vêm sendo ofertados nos últimos leilões estão em R$150 por MWh (megawatt-hora), o que vem obtendo pouca adesão das usinas. "A sinalização é de que esse valor está muito próximo do custo de produção da energia com bagaço", diz o analista.
"No entanto, as energias concorrentes, como a eólica, estão arrematando lotes por R$129 o MWh e até por R$100 o MWh", compara Perin. Além disso, diz ele, há indicativos de que nos próximos leilões, essas empresas conseguirão arrematar lotes com valores ainda mais baixos, por volta de R$90 o MWh. "Essa condição diferenciada da eólica, que tem custos mais baixos, torna muito difícil à energia vinda do bagaço competir", diz.
De acordo com dados contidos no relatório anual 2011 de Energias Renováveis da Informa Economics FNP, 5,7% da matriz de eletricidade do país vem do bagaço da cana-de-açúcar.
Fonte:
Valor Online. Pela Redação. 21 de outubro de 2011.
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