Agora foi a vez dos agroquímicos e fertilizantes. Em meio à preocupação pela pressão sobre o dólar e a importação, na sexta-feira passada o secretário de Comércio Interno, Guillermo Moreno, ordenou as empresas de estes dois setores suspenderem todas as compras no exterior durante esta semana.
"Na sexta-feira houve chamadas de Moreno toda a manhã e a ordem foi que não importássemos nada nesta semana", disse uma fonte do setor, acrescentando: "Moreno também nos disse que passado esta semana, em 21/10, ele volta a comunicar-se para dizer-nos quando poderemos voltar a importar."
Uma empresa de insumos respondendo a uma pergunta do jornal La Nación, disseram que as palavras do funcionário foram: "Cortem todas as importações até o dia 21/11, pois senão haverá sanções", havia dito Moreno.
"Um despachante aduaneiro já havia nos advertido que não seriam realizados negócios", disseram em uma das empresas.
Não é a primeira vez que o governo interfere no mercado de fertilizantes e agroquímicos.
Há alguns meses, a ministra da Indústria, Debora Giorgi, solicitou à representantes da indústria que aumentassem a produção nacional para compensar as importações destes produtos.
"Sabemos a preocupação do governo sobre a importação de fertilizantes, porque para eles é uma questão financeira", disse uma fonte para La Nación.
Estima-se que o mercado de fertilizantes este ano chegará a 3,7 milhões de toneladas, semelhante ao recorde em 2007 – cerca de 60% a 65% são produtos importados, especialmente nutrientes a base de fósforo.
No ano anterior, toda a produção do mercado de fertilizantes gerou receita de US$1,5 bilhão, de acordo com fontes da indústria.
Enquanto isso, o país consome US$2,0 bilhões em agroquímicos.
As importações tanto dos produtos finais como da matéria-prima destes totalizam US$1,2 bilhões.
A decisão de Moreno contra os fertilizantes acontece em um momento de forte demanda no campo. Com a soja e o milho em pleno plantio, está sendo usado fósforo e na segunda partida fazem-se aplicações de nitrogênio, outro nutriente.
"Hoje estamos no pico de retirada de fertilizantes pelos agricultores. Do total distribuído todo o ano, cerca de 25% ocorre durante este mês", disse uma fonte.
No entanto, o ataque do funcionário não traria, a princípio, sérios problemas para o campo, já que todo fertilizante que seria necessário para a campanha já foi importado.
Disponibilidade até janeiro
"Até janeiro há disponibilidade de fertilizantes. Só precisamos importar alguns para soja, mas não é muito", disse ele.
"Temos o necessário até janeiro", concordou outra fonte do setor.
Outro executivo disse que, há cerca de vinte dias a alfândega começou a aplicar tarja vermelha para determinados fertilizantes, criando atrasos para a entrada da mercadoria no país e também representa aumento de custos para as empresas.
Se no caso dos fertilizantes já se tem tudo o necessário para a safra, a situação seria diferente para os agrotóxicos.
De acordo com informações fornecidas à La Nación, neste caso há necessidade de importar cerca de 30% dos produtos, tais como inseticidas e fungicidas.
"Até fevereiro estamos cobertos com os agroquímicos", disse um empresário.
Fertilizantes importados - 60%
É o percentual de consumo de produto que é importado, mais que 3,7 milhões de toneladas anuais.
US$1,2 bilhões
É o valor das importações de agroquímicos em um ano.
Fonte:
La Nación. Por Fernando Bertello. 14 de novembro de 2011.
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