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Cotações superaram 2010


Terça-feira, 27 de dezembro de 2011 - 09h26

Balanço realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) apenas referendou aquilo que já havia sido percebido durante o ano de 2011: o preço médio das principais commodities agrícolas de Mato Grosso – soja, milho e algodão - atingiu média acima do observado no ano passado, graças ao apetite acirrado dos principais consumidores mundiais que seguram as cotações em alta em boa parte do ano. Mato Grosso é o maior produtor de soja, algodão e milho segunda safra do Brasil. A saca do milho foi a que mais valorizou na comparação anual. A cotação média praticamente dobrou e o ano fecha com preço queda, mas o valor empata com aquele que abriu o ano, cifras que ainda superam a média de 2010. Entre alguns picos pontuais, o milho encerra o ano com média de R$20,63 – base Sorriso, no norte do Estado, região que concentra a produção do grão – 93,16% acima do que estava no ano passado, R$10,68. O superintende ao IMEA, Otávio Celidônio, destaca que a média de 2010 pode ser tida como superficial, já que naquele exercício foi necessária a intervenção do governo federal para assegurar pelo menos o preço mínimo ao produtor, pois a saca desvalorizou ao ponto de não cobrir o custo de produção. “Em função da realização dos leilões {evento desnecessário neste ano} podemos acrescentar cerca de R$3 por saca. Sem este adicional a saca estaria muito abaixo da média apurada para 2010 e a expansão anual da commodity seria muito superior”. Nos últimos dias, o milho manteve cotação de R$16,40 e deverá fechar o ano neste patamar. “São quase R$4 a menos por saca, no entanto supera a média de R$10,68 do ano passado. A cotação encerra o ano praticamente igual ao valor do primeiro dia útil de 2011, quando o preço foi de R$16,20”. A segunda maior valorização foi registrada sobre a arroba do algodão, cuja evolução anual foi de 33,74%. A pluma que atingiu pico de R$124 em março deste ano, deverá fechar o ano em R$51,40. “Foi a maior margem teórica da série histórica da cultura. Teórica porque os cotonicultores têm a tradição de vender safras com muita antecedência {que ainda nem foram plantadas} e quando veio a alta, não havia muito algodão disponível para ser comercializado”. Depois do pico, a pluma se estabilizou e registra média de R$79,54, alta de 33,74% ante a média de 2010 em R$59,47, cotação baseada em Campo Verde (139 quilômetros ao sul de Cuiabá), região que concentra mais de 60% da produção mato-grossense. “Depois do pico entre março e abril, os preços vieram desacelerando, no entanto, foram recordes”, aponta Celidônio. Os preços da soja ficarão cerca de 17% acima do registrado na média do ano passado. Conforme o balanço do IMEA, a saca da oleaginosa (base Sorriso, município com a maior área plantada com o grão no mundo, mais de 600 mil hectares) imprime média de R$ 37,98 em 2011 ante média de R$32,28 no ano passado. O ano deverá encerrar com a saca em R$37,40, cotação dentro da média estadual. Celidônio lembra que apesar dos picos ao grão, máxima de R$42,50 no primeiro dia útil de 2011, a cotação praticamente se repetiu no meio do ano, R$42. Em meados de abril, o IMEA registrou a mínima do ano, R$33,90, valor esse bem acima da mínima de R$23, em março de 2010. O ano safra 2011/12 foi de “grandes resultados” na análise do superintende do IMEA. “Foi um ano de grande produção e grandes preços. Mesmo com a valorização dessas três culturas, foi no milho e na soja onde o produtor pôde de verdade aproveitar as altas de preços e o resultado disso é perceptível na composição dos recursos (funding) para a produção da safra 2011/12. O desembolso de capital próprio aumentou, reflexo direto da rentabilidade das commodities de modo geral”. Quanto mais as commodities se valorizam, o sojicultor, por exemplo, reduz a dependência de recursos tomados a juros de mercado para custear a safra agrícola. Pelo menos nas últimas três safras, houve queda na participação do funding tomado de multinacionais e sistema financeiro, e maior participação de recursos próprios. Na safra 2004/05, a participação das multinacionais era de 50% e do próprio bolso, 22%. No atual ciclo, 2011/12, a participação das multinacionais (tradings) no financiamento da safra foi reduzida para 18% e a injeção de recursos próprios passou a 35%. “Outro ponto de grande importância, e que talvez valha mais do que os ganhos de mercado e de produção, é o amadurecimento do produtor. Certamente esse seja o melhor resumo deste ano. O produtor soube condensar a safra e conseguiu aproveitar a rentabilidade que o mercado ofereceu, garantindo margens ao travar preços muito próximos do ideal. A equação da venda antecipada foi bem feita e isso fez toda a diferença”. Fonte: Diário de Cuiabá. Por Marianna Peres. 26 de dezembro de 2011.
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