PBio investiu para ter 2 bilhões de litros até 2015; meta é 5,6 bi, diz Rossetto.
A Petrobras Biocombustível (PBio) deverá registrar, em sua terceira safra sucroalcooleira, o mesmo volume de produção de etanol de seu ciclo de estreia. Os três grupos nos quais a estatal mantém participações preveem produzir, juntos, 1 bilhão de litros na temporada 2012/13 - nível de 2010/11.
Segundo o ex-ministro Miguel Rossetto, presidente da PBio, o quadro não evoluiu por causa da quebra desta safra 2011/12, que atingiu não só os parceiros da PBio - Total, Guarani (Tereos) e Nova Fronteira (São Martinho) -, mas todo o Centro-Sul. O executivo garante, no entanto, que todos os sócios estão em processo de expansão, de forma que está mantida a meta de duplicar para 2 bilhões de litros a produção até 2015 com os investimentos feitos até agora.
O objetivo anunciado em 2011 de investir outros US$1,9 bilhão em mais projetos novos e aquisições para atingir 5,6 bilhões de litros até 2015 não foi revisto até o momento. Mas Rossetto admite que ainda não há viabilidade econômica para construir usinas novas, os chamados "greenfields". Aquisição de unidades também é uma estratégia que depende de "oportunidades de mercado" - portanto, de pouca previsibilidade.
Na safra 2011/12, em finalização, a produção de etanol da PBio será de 790 milhões de litros, 21% menor que a registrada no ciclo 2010/11. De todas as parceiras da estatal, a mineira Total - que é a de menor porte - foi a menos afetada pela quebra de safra. A unidade processou 970 mil toneladas de cana, ante as 1 milhão previstas inicialmente. Em 2012/13, a usina situada no município de Bambuí deve moer 1,2 milhão de toneladas.
Já a usina goiana Boa Vista (Nova Fronteira) previa moer 2,4 milhões de toneladas e produzir 214 milhões de litros de etanol. O resultado foi processamento de 2,2 milhões de toneladas e fabricação de 180 milhões de litros.
A Guarani (Tereos), com sete usinas em São Paulo, também previa moer 17,1 milhões de toneladas, mas processou 16,2 milhões, queda de 5,2% e 19% abaixo de sua capacidade. Em 2012/13, a empresa espera moer 18,3 milhões de toneladas de cana.
A PBio prevê também que até a metade deste ano vai bater o martelo para a implantação de uma usina de etanol em Moçambique, anexa à já existente usina de açúcar que a companhia tem com a Guarani. O biocombustível será feito a partir do melaço resultante do processo de fabricação do açúcar e deve ser produzido em um volume suficiente para atender quase 100% da demanda moçambicana de 25 milhões de litros - o governo local instituiu para 2012 a mistura de 10% do etanol na gasolina.
A execução do projeto, diz Rossetto, vai demandar aportes próximos de US$25 milhões, mas sua execução depende da definição de três condições básicas em conjunto com o governo de Moçambique. A primeira delas, explica o presidente da PBio, é a condição de remuneração do etanol.
"O país africano importa 100% da gasolina que consome. A intenção é que essa remuneração ao etanol seja competitiva com a da gasolina e agregue a geração de emprego e renda que o projeto levará ao país", avalia Rossetto. Os outros dois pontos dizem respeito à logística de distribuição e apoio tributário à produção por parte do governo.
Fonte: Valor Econômico. Por Fabiana Batista. 6 de janeiro de 2012.