Produtores de leite em Rondônia podem abandonar a atividade por conta da desvalorização do produto pelas indústrias lacteis. O alerta foi feito novamente pelo presidente da Associação Rondoniense de Municípios (AROM) e prefeito de Alvorada do Oeste, Laerte Gomes. Ele pondera que, mesmo após denúncias, os laticínios permanecem sob o controle de apenas dois grupos que impõem preços combinados, conforme informam produtores. Para a entidade, trata-se de clara atuação de um poderoso cartel no setor.
Na última semana, o dirigente da AROM visitou vários produtores da região Central do estado, para saber como anda o relacionamento deles com os laticínios. E o que eles têm denunciado, segundo o gestor, é que as empresas ainda estariam mantendo preços abusivos no que chamam de cartel do pagamento do leite. “Atualmente, o litro de leite está sendo pago ao valor de R$0,54 a R$0,55 centavos, com diferença a menor de R$0,20 centavos do preço praticado no Estado de Minas Gerais, por exemplo”, disse.
A falta de incentivos, a ausência de concorrência no setor e a mancomunação dos laticínios, apontados pelos produtores foram denunciados pela AROM ainda no ano passado. Na ocasião, a entidade acionou a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), através do senador Acir Gurgacz (PDT/RO). Juntamente com a entidade, o parlamentar realizou quatro audiências públicas oficiais da Casa de Leis Federal em Rondônia, para ouvir os produtores. Mesmo com a mobilização da CRA, associações rurais e prefeitos, as indústrias não passaram a pagar preço justo aos produtores.
Para Laerte Gomes, “se os órgãos reguladores, fiscalizadores e controladores, governo do estado e governo federal não tomarem providências urgentes, muitos produtores pararão de entregar leite. Alguns já pensam em desenvolver outra atividade rural”. O representante dos municípios também observa que “tem que haver uma regulação desses preços. Os laticínios não podem continuar fazendo o que querem com tantos produtores, sendo que, o leite é um dos pilares da economia de Rondônia”.
A AROM acredita que medidas urgentes, tomadas pela Secretaria de Agricultura do Estado (SEAGRI), com a participação dos órgãos fiscalizadores, podem solucionar o problema. O presidente da associação lembra que o setor merece mais atenção por parte das autoridades, para garantir que os produtores que levantam de madrugada para tirar leite, que é a sua principal fonte de renda, possam receber o valor compensatório.
Fonte: ImpactoRondônia.com. Pela Redação. 1 de março de 2012.