Por falta de consenso, o parecer do novo Código Florestal só será oficialmente apresentado na próxima segunda-feira, um dia antes da votação, informou nesta terça a assessoria do relator da proposta, deputado Paulo Piau (PMDB-MG).
Quando anunciou acordo que definiu a data de votação do código para dia 24 deste mês, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), determinou que o relator apresentasse o parecer nesta terça-feira, por considerar que a divulgação do texto com antecedência facilitaria a discussão do polêmico projeto.
Mas por falta de acordo em três pontos, Piau pediu, apoiado pela bancada ruralista, mais tempo para negociar o texto final.
Maia garantiu que a votação está mantida para o dia 24 deste mês.
De acordo com o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Moreira Mendes (PSD-RO), o pedido de mais tempo partiu do próprio relator, na tentativa de produzir um texto de "consenso".
A bancada ruralista endossou a sugestão de Piau, apesar de ter pressionado, semanas antes, pela definição de uma data para votação do código, enquanto o governo trabalhava pelo adiamento da discussão para depois da conferência da Organização das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável Rio+20, que ocorrerá no Brasil em junho.
"Eu acho que vale a pena esperar mais dois ou três dias", disse Mendes, lembrando que o prazo maior para apresentação do texto final não interfere na data de votação do código. "Esse assunto já foi amplamente discutido e o dia da votação está mantidíssimo."
O código já está em discussão há mais de uma década e tem sido foco de divergências, principalmente nos trechos em que trata da regularização de áreas de preservação ocupadas antes de 2008.
De acordo com o presidente da frente, o principal ponto de tensão para fechar o texto do parecer continua sendo a questão das Áreas de Preservação Permanente (APP) - regiões de proteção ao longo de rios, em encostas e topos de morro.
Ruralistas advogam por regras mais flexíveis para APPs, sob o argumento de que as exigências podem inviabilizar a produção em certas propriedades.
Ambientalistas, por sua vez, encaram a flexibilização de regras como um retrocesso nas leis de proteção.
Fonte: Reuters. Por Maria Carolina Marcello. 17 de abril de 2012.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos