A perspectiva de grande oferta para o milho tem pressionado para baixo o preço do cereal e provocado quedas constantes. O anúncio de estimativas de safras pelos principais produtores do grão, associado à demanda contribuíram para o momento, destaca Cleber Noronha, analista de mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA).
O efeito "Estados Unidos", que nesta safra pretendem plantar uma área 4,3% maior e produzirem 313.92 milhões de toneladas, acentuou a diferença. "Como temos a estimativa dos Estados Unidos de plantarem a maior área da história e uma boa perspectiva para a safra mato-grossense, a projeção de oferta pressiona o mercado e o preço do milho para baixo", destaca o analista.
Tendência de que o ritmo de queda permaneça enquanto o cenário não mudar. "O milho está em uma constante queda e a tendência é que caia um pouco mais. Para as exportações, estamos também verificando um recuo", ponderou Cleber Noronha, do IMEA.
Dados do IMEA mostram que em janeiro, o preço pago para exportação e que estava em US$15,76 a saca caiu para US$15,26 a saca em março, recuo na ordem de 3%. Em Mato Grosso, a queda vem ocorrendo e já é de 15% sobre o maior valor praticado no estado desde o início de 2012, que foi de R$22,90 por saca em Rondonópolis.
"Para a exportação, há essa queda desde o início do ano", pondera Cleber Noronha. Ao comparar o desempenho de preços com janeiro do ano passado e no mesmo município, o IMEA constatou que naquele ano o valor girava em torno de R$22 a saca. Ou seja, 13% maior frente ao da atual temporada.
A falta de suporte para os preços do milho, ou na prática a garantia de que toda produção projetada será consumida, o mercado do milho deve continuar se desvalorizando, segundo o IMEA. As médias atuais de preço devem ficar próximas de R$17 a saca.
"O piso desse valor poderá ser definido com a segunda safra brasileira, safra norte-americana e até uma possível grande safra ucraniana", aponta o instituto.
No mundo, a safra de milho pode somar 864 milhões de toneladas, aponta o último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em Inglês) e divulgado no início de abril. O volume representa um leve acréscimo sobre a projeção de março, que mensurou 864.96 milhões de toneladas em 2011/12.
Para três maiores produtores mundiais do cereal - China, Estados Unidos e Brasil - mantiveram-se os mesmos números de março. De acordo com o Departamento, somente a China deve produzir 191.75 milhões de toneladas.
Nos Estados Unidos a produção de milho estimada é de 313.92 milhões de toneladas, enquanto no Brasil 62 milhões de toneladas. Já na Argentina a safra do cereal deve somar 21.50 milhões de toneladas. Houve uma pequena redução frente ao levantamento de março, quando projetaram-se 22 milhões de toneladas.
Fonte: G1 MT. Por Leandro J. Nascimento. 2 de maio de 2012.
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