Aumento no preço do farelo de soja - bom para o produtor da oleaginosa - repercutiu negativamente para a suinocultura mato-grossense. Os custos com a aquisição do insumo para alimentar os animais cresceu 100% entre 2011 e 2012. Reflexo principalmente da valorização do produto e a acirrada disputa entre os mercados interno e externo. Em Rondonópolis, a 218 quilômetros de Cuiabá, a última semana de maio foi de preços recordes para o farelo, na ordem de R$900 por tonelada. Fato jamais constatado.
Cleber Noronha, analista de mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), destaca que se configurou uma disputa pelo farelo nos dois mercados. No entanto, os bons preços têm estimulado o envio do componente para o mercado exterior. "O preço do farelo subiu decorrente da demanda externa. É bom para o produtor de soja porque as empresas esmagadoras pagam mais pelo produto. Mas o impacto é para quem consome e os suinocultores estão sentindo este aumento", lembra.
De acordo com o IMEA, no final de 2011 um quilo do suíno comprava 4,5kg de farelo. Mas com a alta nos preços da proteína animal a mesma relação de troca ficou em um quilo de suíno para 2,2 kg de farelo. "O custo com o farelo aumentou 100% no período", pondera Cleber Noronha.
De acordo com a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (ACRIMAT), o farelo de soja responde por até 25% da base para alimentação dos animais. O diretor-executivo da ACRISMAT, Custódio Rodrigues, explica que o setor tem amargado prejuízos em função da alta com os custos de produção.
O representante lembra que desde o fechamento pela Rússia para a carne suína brasileira em 2011, deu-se início a um período de crise. Preços pagos ao suinocultor não evoluíram e todo o segmento passou por uma grande desvalorização. Atualmente, lembra Rodrigues, o preço médio no estado de custo por quilo de suíno produzido gira em torno de R$2, enquanto o preço médio de venda praticado chega a R$1,80.
"Hoje os mercados estão comprometedores com o produtor. Se não haver um olhar de preocupação para minimizar os impactos, as questões tributárias, os produtores já começarão a eliminar postos de trabalho, eliminação de matrizes", cita Custódio Rodrigues.
O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, diz que o suinocultor paga para exercer a atividade. Segundo ele, por ano amarga-se um prejuízo na ordem de R$3,5 bilhões pela disparidade entre o custo de produção e preço pago ao animal.
"O suinocultor está pagando para exercer a atividade. Ele tem direito de produzir, mas tem prejuízos", completa. Atualmente, 82% da produção brasileira de suínas é absorvida pelo mercado interno, enquanto 18% destinam-se ao exterior.
Em Mato Grosso, conforme Paulo Lucion, presidente da ACRISMAT, anualmente o setor perde por ano R$12 milhões devido ao não equilíbrio na relação custo e benefício. Mato Grosso possui o quinto maior plantel brasileiro de suínos e abate por mês aproximadamente 170 mil animais.
Fonte: G1 MT. Por Leandro J. Nascimento. 7 de junho de 2012.
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