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Falta de logística ameaça expansão de última fronteira agrícola em MT


Terça-feira, 24 de julho de 2012 - 09h19

É na chamada última fronteira agrícola, na região do Araguaia mato-grossense, onde se prevê uma das últimas expansões da área agricultável no estado. Aos poucos, terras degradadas vão se tornando espaços propícios ao cultivo de lavouras de soja. Mas a expansão que ajudará o estado a elevar a safra de grãos não está ocorrendo com a velocidade que se previa, alertam produtores da região. Estradas sem condições de trafegabilidade estão dificultando a chegada de insumos até as propriedades rurais e impactado nas conversões, descreve Gilmar Dell Osbell, presidente do Sindicato Rural de Querência, cidade a 912 quilômetros de Cuiabá, e vice-presidente leste da Associação dos Produtores de Soja e Milho.

De acordo com a APROSOJA, o Araguaia possui seis milhões de hectares em áreas de pastagem. É a maior de Mato Grosso, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária. Destes 6 milhões de hectares, um total de 3,1 milhões possui mais condições de ser usado na agricultura. São áreas planas, já abertas e de solo degradado, que podem ser adaptados para o plantio de grãos.

Não se está conseguindo avançar na transformação da pecuária para a agricultura da forma como queriam [os produtores] em função que as estradas não têm condições nem para a chegada do calcário e nem para o escoamento da produção e o tráfego de qualquer tipo de veículo na época das chuvas, descreve Gilmar Dell Osbell.

A preocupação é com a chamada rota do calcário, que compreende a MT-326 (ligando Cocalinho, a 765 quilômetros da capital, até a BR-158, já na divisa com o estado de Goiás) e cuja extensão soma 150 quilômetros. Na região estão localizadas as duas jazidas onde é produzido o calcário para atender produtores. Mas como explica o presidente do Sindicato Rural, trafegar pelo trecho onde não há asfalto está custando caro.

A rota, de pouco mais de 30 quilômetros na MT-326 entre o trevo de Nova Nazaré até a BR-158, seria a rota ideal para levar o calcário destas jazidas até as regiões produtoras de grãos localizadas no nordeste do estado. Porém, este trecho não está contemplado nos programas de pavimentação estadual. E aí que entram as reivindicações do setor produtivo.

Segundo Gilmar, ao invés desta rota de 30 quilômetros, o que está contemplado no programa de pavimentação é a MT-240, que liga o mesmo trevo de Nova Nazaré ao município de Água Boa, que tornará o percurso do calcário até as propriedades 40 quilômetros mais longo.

O resultado é um percurso maior e mais tempo na estrada, além do custo do frete, que fica mais caro. Para levarem o insumo até as sedes das fazendas, ou mesmo retirar a produção dos armazéns produtores pagam até R$2 por saca com o frete, de acordo com as distâncias das fazendas, explica Gilmar Dell Osbell. As usinas não incrementam a produção porque não têm jeito de escoar.

Indo a Goiás - Produtor em Nova Xavantina, a 651 quilômetros de Cuiabá, o produtor Endrigo Dalcin adquire os insumos necessários para as lavouras de soja e milho diretamente de Itaberaí (GO). Segundo ele, há mais vantagens em percorrer os quase 400 quilômetros que separam os municípios de Mato Grosso e Goiás que fazer os 160 quilômetros em direção à jazida em Cocalinho, no Araguaia mato-grossense.

O acesso ao calcário é feito por estradas de chão. Mesmo sem asfalto, mas se tivesse a manutenção seria melhor, porque o tráfego na estrada é muito pesado, pondera o agricultor. Na ponta do lápis, apesar de andar mais o produtor tem pago menos na hora de comprar fertilizante no estado vizinho. A relação gira em torno de pouco mais de R$90 via Goiás para outros cerca de R$100 pela rota do calcário.

Se tivesse o asfalto seriam mais fáceis os 160 quilômetros, acredita o produtor de Nova Xavantina.

Recursos - Parte dos recursos utilizados pelo governo do estado para obras nas rodovias estaduais originam-se do Fundo de Transporte e Habitação (Fethab), cobrado no transporte de toda produção agrícola e pecuária e objetiva financiar o planejamento, execução e acompanhamento dos serviços nos setores de transporte e habitação do estado.

Somente em 2011 a arrecadação total somou R$568 milhões, com a soja contribuindo em R$123 milhões. No tocante às obras de melhorias nas estradas, o secretário estadual de Transportes, Arnaldo Alves, afirma que neste ano o governo deve destinar R$2,2 bilhões para atender às obras nas rodovias.

Em função das obras para a Copa do Mundo em Cuiabá, o Fethab deve direcionar em torno de R$ 1 bilhão para as demandas.

Fonte: G1 MT. Por Leandro J. Nascimento. 23 de julho de 2012.


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