A seca nos Estados Unidos deve atrasar a recuperação do rebanho bovino norte-americano, que já é o menor em pelo menos 39 anos.
A avaliação é de Fernando Sampaio, diretor-executivo da ABIEC (Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina).
Como nos EUA a maioria dos animais é alimentada com ração, a alta nos preços do milho e do farelo de soja desestimula a atividade.
Além disso, as pastagens, onde é feita a procriação, estão em más condições por causa da estiagem, o que pode continuar estimulando o abate de fêmeas.
Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), os produtores norte-americanos mantinham 30,5 milhões de vacas, sem contar as produtoras de leite, em 1º de julho -- queda de 3% ante o mesmo período de 2011.
A safra de bezerros é estimada em 34,5 milhões de cabeças, 2% menor do que em 2011. O rebanho bovino também caiu 2%, para 97,8 milhões de cabeças --menor nível desde o início da série histórica do USDA, em 1973.
"Para manter o atual nível de consumo, eles precisarão importar mais", diz Sampaio.
O Brasil não está autorizado a exportar carne "in natura" para os EUA, mas a menor disponibilidade de bois naquele país deve beneficiar a carne bovina brasileira.
"Os americanos vão ter de importar de países como a Austrália e o Uruguai, que deixarão de atender alguns mercados para vender para os EUA, abrindo espaço para a carne brasileira", afirma.
Em 2011, a seca --em menor intensidade do que a atual-- também contribuiu para o abate de matrizes nos EUA, além de outros fatores, como a baixa remuneração da pecuária provocada pela queda no consumo interno.
Para Gustavo Aguiar, consultor da Scot Consultoria, não há muito espaço para a continuidade do uso de fêmeas --normalmente retidas para reprodução-- na produção de carne. "A tendência é que o abate de matrizes se normalize no curto prazo", diz.
Fonte: Folha de São Paulo. Mauro Zafalon. 1 de agosto de 2012.
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