Produtores de leite do Rio Grande do Sul estão vendendo animais e equipamentos, desestimulados pelos elevados custos da atividade, com o objetivo de investir no plantio de soja na próxima safra de verão. Eles buscam os lucros proporcionados pelos altos preços da oleaginosa.
"Há uma debandada do leite para a soja em função dos custos", relatou Vladimir di Pietro, empresário que atua na região do município de Cruz Alta, noroeste gaúcho, comprando e vendendo plantéis de gado leiteiro.
"É praticamente a oferta de um tambor por dia", disse ele à Reuters, referindo-se à venda de todos animais e equipamentos de ordenha.
A soja vem registrando recordes no mercado interno e também na bolsa de Chicago, onde atingiu a máxima histórica na quinta-feira, 30 de agosto, em meio a uma seca nos EUA que reduziu a estimativa de safra catapultou as cotações nas últimas semanas.
Já o preço do leite no país tem se mantido estável nos últimos meses, enquanto os produtores reclamam da elevação dos custos com ração (à base de soja e milho) e das dificuldades de contratar mão-de-obra.
Di Pietro conta que na região onde trabalha ocorre um movimento de concentração dos rebanhos. Quando os negócios acontecem e nem sempre há compradores interessados, em geral são pequenos produtores que repassam os animais para grandes fazendeiros, que conseguem se manter na atividade devido ao ganho de escala.
O empresário relata que o preço normal de uma vaca da raça holandesa é de 3 mil reais. Atualmente, há produtores oferecendo animais de 1.500 reais.
"Há um desestímulo em função da queda de preço (pago pelo leite) e de importações massivas", disse Ernesto Krug, presidente da Associação Gaúcha de Laticinistas (AGL), que reúne desde produtores até indústrias do setor.
Fonte: Reuters Brasil. Por Gustavo Bonato. 30 de agosto de 2012.
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