O governo faz o primeiro leilão Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural) de laranja amanhã e quer garantir um preço de R$10,10 por caixa ao produtor.
O crédito para os leilões, que incluem um PEP (Prêmio de Escoamento de Produto), chegam a R$120 milhões.
Voltados para produtores paulistas e mineiros, os leilões poderão atingir 4,5 milhões de caixas de 40,8 quilos. A laranja tem prêmio máximo de R$3,16 por caixa.
"É uma forma de reduzir o sério problema enfrentado pelos produtores", diz Flávio Viegas, da Associtrus (entidade que congrega produtores). O leilão favorecerá os pequenos e médios produtores, já que o limite de comercialização é de 20 mil caixas por produtor.
O representante dos produtores diz que é louvável o esforço do governo, mas que os negócios com a indústria estão difíceis.
Christian Lohbauer, presidente executivo da Citrus BR (associação das indústrias e exportadores), concorda que os leilões possam ajudar, mas "o setor vive um problema estrutural e preocupante". Os estoques estão elevados e as indústrias não têm como absorver toda a produção deste ano.
Pode ser que, no término desta safra, 40 milhões de caixas de laranja deixem de ser colhidos, gerando prejuízo para toda a cadeia, segundo o executivo da Citrus BR.
O grande problema do setor são os estoques elevados e a queda no consumo, segundo Lohbauer. Esse cenário pode continuar no próximo ano se a safra voltar a ter um volume grande, diz ele.
A estimativa da entidade é de uma safra de 364 milhões de caixas. Grande parte dessa laranja vem da própria indústria, que tem o direito de ter a sua própria produção, como tem as usinas de açúcar e outros setores do agronegócio, diz ele.
A saída para o setor é um programa de incentivo de consumo, o que está difícil de se concretizar este ano. "Talvez no próximo", diz.
Viegas não concorda com o diagnóstico de Lohbauer de que há estoques elevados e queda de consumo no setor de citricultura.
Estoques
O Brasil tem 660 mil toneladas de suco de laranja em estoque, incluindo o volume nas indústrias, nos portos internos e externos e na linha especial de crédito. Esse volume corresponde a sete meses de exportações, segundo Christian Lohbauer, da Citrus BR.
Disponíveis
Desse total, 351 mil toneladas não estão disponíveis para comercialização, devido à prorrogação por 24 meses da LEC (Linha de Crédito Especial).
Outro número
Flávio Viegas, da Associtrus, com base em números do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), diz que os estoques nacionais são de 240 mil toneladas. O Usda considera os estoques dentro das indústrias.
Em alta
As corretoras de arroz do Rio Grande do Sul já pagam de R$41 a R$42 por saca de 50kg do produto classificado como 58 inteiros. As cotações se referem à região de Uruguaiana (RS), segundo José Antonio Ribeiro Nogueira, presidente da Comal Arroz Ltda.
Em queda
Novas preocupações com a economia europeia fizeram as cotações das commodities recuarem em Nova York. Algodão e açúcar lideraram as quedas, com baixas de 1,8% e 1,5%, respectivamente.
Chicago
As incertezas econômicas afetaram também as cotações das commodities da Bolsa de Chicago, onde a soja caiu 2,4% e o milho, 2,6%.
Fonte: Folha de São Paulo. Por Mauro Zafalon. 27 de setembro de 2012.
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