Apesar de ter sido firmado um acordo há quatro meses para que a Argentina retomasse as compras de carne suína brasileira, há 15 dias o Brasil não obtém nenhuma licença para fazer esse tipo de venda. Há duas semanas, o governo argentino não está liberando as declarações de importação. E as compras de produtos do exterior só podem ser feitas quando são autorizadas pelas autoridades argentinas.
Nesta segunda-feira (1/10), o ministro da Agricultura Mendes Ribeiro ligou para o embaixador da Argentina no Brasil, Luis Maria Kreckler, e ouviu dele a promessa de que as compras de carnes suínas serão retomadas. O fato é que há outros interesses em jogo. A Argentina estaria protelando a liberação dessas licenças porque quer ampliar outros mercados com o Brasil.
As dificuldades se arrastam desde o começo do ano, quando as importações de carne suína caíram de 4 mil toneladas por mês para apenas 94 toneladas. Um acordo entre os dois países, no entanto, definiu que o Brasil poderia comercializar 3,5 mil toneladas por mês. Mas sem a liberação das licenças, as vendas voltaram a minguar. O comércio só não está completamente parado porque ainda estão sendo feitas as compras autorizadas antes do bloqueio.
De acordo com a associação que reúne as indústrias exportadoras de carne suína, essa restrição afeta principalmente os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, que devido à proximidade são os que mais exportam para a Argentina. A demora na liberação das licenças revelaria uma pressão por parte do país vizinho a fim de ampliar a venda de outros produtos para o Brasil, como frutas e crustáceos. Prática que, segundo o economista Roberto Piscitelli, em tempos de crise, é recorrente.
"Todos os países são mais ou menos protecionistas, principalmente, em época de crise. No caso da Argentina, há algumas mágoas ou queixas por parte dos argentinos em relação a outros produtos como, por exemplo, seria o caso de crustáceos, cujas importações brasileiras tiveram uma redução considerável. Fala-se também em relação a cítricos", diz Roberto Piscitelli.
Para tentar solucionar o problema, o ministro da Agricultura conversou por telefone com o embaixador da Argentina no Brasil, Luis Maria Kreckler. Segundo Mendes Ribeiro, as articulações necessárias estão sendo feitas, e elas não irão atrapalhar a suinocultura brasileira.
"As articulações necessárias, normais do dia a dia, medidas que precisamos tomar aqui, a Argentina precisa tomar lá. Mas não vai haver prejuízo nenhum. Estamos discutindo uma questão de cotas de cítricos, mas a questão da suinocultura não será atingida", diz o ministro.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o problema está sendo monitorado pelo governo. A carne suína, assim como os demais itens da pauta comercial com a Argentina, vem sendo discutidos em reuniões com autoridades do país vizinho.
Fonte: Suino.com. Pela Redação. 1 de outubro de 2012.
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