A Brasil Foods deverá iniciar a construção de uma unidade de processamento de carnes de aves e suínos na China no fim de 2013. O investimento será realizado em parceria com a chinesa Dah Chong Hong (DCH), controlada pela estatal Citic Pacific, com a qual a companhia brasileira começou a operar uma joint venture no início deste ano. De acordo com Antonio Augusto de Toni, vice-presidente de mercado externo da BRF, o plano é que a nova unidade comece a rodar no fim de 2014.
Os detalhes do projeto da fábrica no país asiático, como suas dimensões e capacidade de produção, ainda estão em fase de definições. A localização da fábrica que será instalada também não foi escolhida ainda, mas a BRF já tem uma estimativa de quanto será o investimento total. Em entrevista concedida no Salão Internacional da Alimentação (SIAL), em Paris, Toni informou que o valor deverá ser "equivalente" aos US$120 milhões que a companhia está desembolsando para erguer uma unidade em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
A BRF uniu forças com a DCH com o objetivo inicial de conquistar mais espaço para seus produtos no mercado chinês. A construção de uma fábrica para agregar valor à carne in natura exportada para a China estava nos planos das parceiras antes mesmo de a joint venture ser oficializada, mas até agora não havia notícias sobre a confirmação do projeto.
Atualmente, a joint venture faz a venda e a distribuição de produtos da empresa brasileira no país asiático. Conforme Rogério Moraes, executivo responsável pela operação da BRF na China, hoje a empresa já comercializa produtos com a marca Sadia no varejo e no segmento de food service de grandes centros como Xangai, Pequim e Hong Kong. Em 2011, a China representou cerca de 3% das exportações da BRF, mas, como já informou o Valor, a expectativa é que a fatia alcance 7% até 2015.
Após registrar forte incremento dos embarques em setembro, a empresa consolidou no mês e nos nove primeiros meses do ano sua condição de maior exportadora brasileira do setor de agronegócios do país. No setor, a companhia só perde para a Bunge, que tem capital aberto nos EUA. No ranking geral das maiores empresas exportadoras, fica atrás apenas de Vale, Petrobras e Bunge, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
Em linha com a recuperação das exportações brasileiras de carnes de frango e suína, os embarques da BRF renderam US$446,2 milhões em setembro, quase 33% mais que no mesmo mês de 2011. Com isso, as vendas da empresa ao exterior chegaram a US$3,715 bilhões de janeiro a setembro, 4% acima de igual intervalo do ano passado.
Investir fora do Brasil ganhou mais importância para a BRF depois das "restrições domésticas" impostas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para aprovar a sua criação, fruto da incorporação da Sadia pela Perdigão. A companhia teve de se desfazer de ativos e suspender temporariamente marcas que tinha no Brasil. Nesse contexto, recorreu a uma troca de ativos com a Marfrig, que ficou com algumas de suas unidades e marcas no país em troca de ativos relacionados à marca Paty na Argentina.
Ao redobrar esforços na internacionalização - e a fábrica na China representa mais um capitulo dessa estratégia -, a BRF tenta repor a perda de faturamento com a transferência desses ativos e marcas no Brasil. No total, a receita líquida da empresa alcançou R$6,702 bilhões no primeiro semestre de 2012, 11,2% mais que em igual intervalo de 2011. Pressionados pelo aumento de custos, o lucro líquido "encolheu" quase 82% na mesma comparação, para R$159,6.
Fonte: Suinocultura Industrial. Pela Redação. 24 de outubro de 2012.
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