A Marfrig, uma das maiores processadoras de proteína animal do país, registrou um lucro líquido (atribuído aos sócios da empresa controladora) de R$10,4 milhões no terceiro trimestre deste ano, ante um prejuízo de R$540 milhões no mesmo período de 2011.
Entre julho e setembro, a empresa obteve uma receita líquida recorde de R$6,3 bilhões, salto de 14,1% sobre os R$5,5 bilhões registrados no terceiro trimestre do ano passado.
A Marfrig atribuiu o avanço das receitas no período à incorporação dos ativos comprados da BRF - Brasil Foods, ao crescimento orgânico da divisão de alimentos processados, ao incremento das vendas de produtos de maior valor agregado e ao ambiente mais favorável para a produção de carne bovina do país, o que elevou a rentabilidade da divisão de bovinos.
Apesar da receita maior, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 13,8% na comparação anual, para R$549,8 milhões. A margem Ebitda recuou de 11,5% para 8,7% nos três meses encerrados em setembro.
A queda é explicada pelas despesas operacionais da Seara Foods, divisão que comtempla as operações de aves, suínos e alimentos processados da Marfrig. A Seara teve de lidar com a forte elevação dos grãos usados na ração animal e os custos com a incorporação dos ativos a BRF - Brasil Foods. Com isso, as despesas operacionais totais da Marfrig saltaram 76,7%, para R$649,9 milhões.
Principal divisão de negócios da companhia, a Seara Foods registrou uma receita líquida de R$4,342 bilhões, crescimento de 22,3% sobre os R$3,551 bilhões reportados um ano antes. Pressionada pelas despesas operacionais, o Ebitda da divisão recuou 33,3% na comparação anual, para R$302,1 milhões. A margem Ebitda caiu de 12,8% para 7%.
Em contrapartida, a Marfrig Beef, divisão que contempla as operações de bovinos e ovinos, apresentou um forte resultado no período, impulsionada com maior oferta de gado para abate e queda dos preços do animal. Entre julho e setembro, a receita líquida da Marfrig Beef ficou estável e atingiu R$1,958 bilhão, leve queda de 0,7%. O Ebitda da divisão, no entanto, saltou 34,2%, para R$247,7 milhões. A margem Ebitda da passou de 9,4% para 12,6%.
Entre julho e setembro, a dívida líquida da Marfrig atingiu R$9,296 bilhão, ante os R$8,723 bilhões registrados nos três meses encerrados em junho deste ano. Desse total, 34,7% ou R$ 3,2 bilhões vence no curto prazo. Os resultados demonstraram a forte pressão financeira sofrida pela empresa. A Marfrig não teria condições de pagar sua dívida de curto prazo apenas com os recursos disponíveis em caixa, que ao final de setembro somavam R$2,84 bilhões.
No período, o índice de alavancagem (que mede a relação entre dívida líquida e Ebitda) da empresa foi de 4,13 vezes, superior às 3,73 vezes apurados no segundo trimestre deste ano.
Oferta pública primária
Também nesta quarta-feira (24/10), a companhia anunciou que fará uma oferta pública primária de ações para obter cerca de R$1,1 bilhão. Os recursos serão utilizados para reforçar a estrutura de capital da empresa.
A controladora MMS Participações manifestou a possibilidade de subscrever ações da companhia no âmbito da oferta prioritária. Adicionalmente, a BNDESPAR, acionista detentora de 13,94% do capital da Marfrig, informou que está analisando a possibilidade de subscrever as ações a que tem.
As ações da companhia encerraram o dia cotadas a R$10,15 no pregão da BM&FBovespa, em queda de 2,87%.
Fonte: Valor Econômico. Por Fernanda Pressinott, Luiz Henrique Mendes e Daniela Meibak. 24 de outubro de 2012.
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