Mantida a elevação mais acentuada das cotações agrícolas em comparação com o aumento dos custos, observada até agora em função das quebras de produção nos Estados Unidos e na Argentina, a próxima safra de verão promete ser uma das "mais rentáveis da história" para os agricultores gaúchos, principalmente por conta da soja. A estimativa é da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FECOAGRO), que também projeta um cenário melhor para os produtores de trigo neste ano, mesmo com margem negativa.
Conforme o economista da entidade, Tarcísio Minetto, a pesquisa divulgada nesta segunda-feira (12/11) toma como base as cotações e os preços dos insumos em outubro de 2012 e de 2011. Também conta com uma situação climática mais favorável do que a estiagem severa que destruiu a safra gaúcha 2011/12 e considera uma produtividade média de 2.520 quilos por hectare para as lavouras de soja no estado, de 5.400 kg/ha para o milho e 2.580 kg/ha para o trigo.
O melhor desempenho é esperado para a soja, que nas condições atuais deve gerar um ganho de 73,12% - ou R$28,10 - sobre o custo de produção total da saca de 60 quilos, incluindo as despesas variáveis, fixas e a remuneração do fator terra. O índice é quase três vezes maior do que a remuneração de 26,83% observada na safra passada, informou Minetto.
De acordo com o economista, de outubro de 2011 até outubro deste ano o custo total de produção da soja cresceu 17,45%, para R$38,43 a saca, enquanto o preço pago ao produtor aumentou 57,62%, para R$66,53. Com isso, os agricultores já venderam cerca de 30% da safra da oleaginosa antecipadamente para aproveitar as boas cotações, calcula a federação.
Segundo o presidente da FECOAGRO, Rui Polidoro Pinto, a expectativa positiva explica o aumento estimado de 5% a 6% na área plantada com a oleaginosa na próxima safra, para cerca de 4,4 milhões de hectares, que devem proporcionar uma safra de 11,5 milhões a 12 milhões de toneladas, ante as 6,5 milhões de toneladas apuradas em 2011/12 pela Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB). Pouco mais de 15% da área já está plantada no estado, estima Minetto.
Para o milho, a federação projeta um ganho de 25,3% (ou R$5,72) sobre o custo total por saca de 60 quilos, um pouco menos do que a margem de 30,06% observada em 2011/12. Neste período, o custo total evoluiu 13,28%, para R$22,61 por saca, enquanto o preço ao produtor aumentou 11,27%, para 28,33%.
A redução do lucro deve levar a uma queda de aproximadamente 5% na área plantada com milho em comparação com os 1,113 milhão de hectares contabilizados pela CONAB na safra passada, devido à migração para a soja. Mais de 70% das lavouras já foram semeadas, mas Pinto alerta que já existe alguma "preocupação" com o nível das chuvas principalmente nas regiões central e noroeste do estado.
Para os produtores de trigo, que já colheram mais de 70% dos 976,2 mil hectares plantados (segundo a CONAB) na safra de inverno, a FECOAGRO estima um prejuízo de 18,16%, ou R$6,64 por saca de 60 quilos. No ano passado a perda chegou a 27,28%, mas desde outubro de 2011 o preço médio da saca de 60 quilos aumentou 23,27%, para R$29,93, enquanto os custos totais avançaram 6,37%, para R$36,57, calcula a FECOAGRO.
O problema, segundo Pinto, é que a produtividade das lavouras de trigo deverá ficar abaixo dos 2.580 quilos por hectare previstos inicialmente devido à ocorrência de granizo e geada tardios, no fim de setembro, o que tende a reduzir a produção total esperada de 2,5 milhões para 2 milhões a 2,2 milhões de toneladas neste ano. A quebra terá impacto na qualidade dos grãos e na diluição dos custos fixos das lavouras, mas a FECOAGRO não projetou o potencial de ampliação do prejuízo para os produtores.
Fonte: Suinocultura Industrial. Pela Redação. 13 de novembro de 2012.
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