Se o melhor uísque é escocês e o perfume francês, também não há dúvidas sobre a melhor carne do mundo, a argentina. Pois a crise no país vizinho atinge também a carne bovina, conforme pormenorizada análise da brasileira Scot Consultoria, especializada em agropecuária. Citando dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a Scot revela que, este ano, pela primeira vez na história, a Argentina não estará entre os dez maiores exportadores de carne bovina do mundo - setor atualmente liderado pelo Brasil. Até setembro, as exportações foram de 159,9 mil toneladas, com queda de 12,7% em relação a igual período de 2011. O total para 2012 - 170 mil toneladas - deverá ser o menor de uma década. Como no ano passado, a Argentina não deverá atingir a cota Hilton, ou seja, 12 mil toneladas da carne mais cara do mundo.
A Scot Consultoria cita que a seca atingiu duplamente a pecuária, pois também a produção de grãos foi afetada, o que gera um segundo efeito negativo para a produção de carne e leite. No entanto, garante que o principal obstáculo é político. Lembra que, em 2006, o governo criou quotas de exportação - a pretexto de beneficiar o mercado interno e de evitar efeito inflacionário. Com isso, houve desestímulo à produção, o que é muito ruim, uma vez que o país passa por crise cambial e precisaria da moeda forte obtida com vendas externas.
O consumo interno está em baixa. Na década de 80, o consumo per capita argentino era o maior do mundo em carne bovina, com 80 quilos por pessoas, e, em 2001, caiu para apenas 57,9 quilos por pessoa.
Em resumo, problemas não faltam para um dos países mais bonitos e potencialmente mais ricos do planeta. No século passado, a Argentina chegou a ser o quinto país mais rico do mundo. Em 1930, o PIB brasileiro não chegava a 70% do argentino. Hoje, a produção total do país vizinho corresponde a 17% da riqueza brasileira.
Fonte: Monitor Digital. Pela Redação. 13 de novembro de 2012.
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