O governo se reuniu para discutir um apoio aos produtores de café no momento em que os preços de grãos despencam, mas com a oferta abundante o mercado pode não se recuperar mesmo que Brasília faça compras de grãos.
Analistas dizem que os amplos estoques privados e outra safra grande prevista no Brasil este ano deverão criar um excedente de café arábica.
Produtores, reclamando que os futuros da arábica caíram para níveis desvantajosos, têm feito lobby intenso nas últimas semanas para Brasília intervir.
No mês passado, o contrato de maio da arábica em Nova York atingiu US$1,37, seu nível mais baixo em mais de dois anos e para menos da metade dos níveis recordes vistos em 2011, quando os preços saltaram para US$3,00 por libra-peso com preocupações sobre oferta. Na quarta-feira (6/3), eles estavam em torno de US$1,41 por libra-peso, operando em alta.
"Os produtores estão desanimados", disse Carlos Melles, presidente da cooperativa Cooparaíso, em Minas Gerais, estado que cultiva cerca de metade do café do Brasil. "Com estes níveis, os produtores (de Minas) vão acabar cortando árvores na maior área de café do Brasil".
O pesado investimento necessário para o plantio das árvores de café torna essa ação precipitada improvável. Enquanto isso, o governo escuta os produtores, prometendo ficar aberto a "todas as opções" quanto as suas demandas.
"A ideia não é voltar a US$3,00 por libra. Era um preço elevado e que não vai voltar. Agora estamos de volta a preços que não cobrem os custos de produção. Cerca de US$2,00 por libra é o preço que queremos", disse Silas Brasileiro, presidente da principal associação de produtores de café no Brasil, o Conselho Nacional do Café (CNC).
O CNC quer que o governo estenda empréstimos aos produtores para que eles possam ajustar o ritmo das vendas de grãos, ao invés de correr para vender, para restringir a oferta e firmar os preços. A entidade também quer que um bônus especial usado pela última vez em 2008/2009 seja retomado, gratificando os produtores que vendem acima do preço de mercado e encorajando os produtores a coletivamente esperar por melhores taxas.
Brasileiro disse que o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, tinha assegurado a ele que estava comprometido em fornecer ajuda para os produtores. Altos funcionários dos ministérios da Agricultura, Fazenda e Planejamento vão participar da reunião.
Mas com os estoques privados inchados e uma grande colheita no Brasil prevista para junho, o governo será bastante pressionado a corrigir um mercado bem abastecido que mal sofreu com o surto de ferrugem que assolou as fazendas da América Central.
Os futuros de arábica caíram acentuadamente em 4,0% na terça-feira (5/3), mesmo com os produtores colombianos mantendo a ação de greve, bloqueando estradas em protesto contra os preços baixos e rejeitando uma oferta do governo para aumentar os seus subsídios.
Os preços mal se mexeram na quarta-feira (6/3) apesar de uma dura advertência do executivo da Organização Internacional do Café Ricardo Villanueva, que disse que o surto de ferrugem poderia reduzir a produção da América Central em cerca de um terço na temporada 2013/2014.
Todos esses fatores são superados pela expectativa de uma safra brasileira de 47,0 milhões a 50,2 milhões de sacas de 60,0 quilos e pelos estoques privados no Brasil que saltaram para 11,0 milhões de sacas ou quase 50,0% até 1° de janeiro, em comparação ao ano anterior.
"Eles realmente precisam fazer um grande anúncio, ou não anunciar nada", disse James Cordier, operador-chefe do Liberty Trading Group, na Flórida, apostando que somente uma ação agressiva afetaria o mercado.
A mais recente intervenção agressiva do governo no mercado de café foi quando comprou 1,5 milhão de sacas de 60,0 quilos da safra de café de 2009. Os preciso estavam cerca de 10 centavos por libra abaixo do que estão atualmente. Os futuros caíram por semanas após o anúncio.
Fonte: Reuters. Por Peter Murphy. 7 de março de 2013.
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