A mais recente estimativa de safraagrícola 2012/2013, divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) naquinta-feira, dia 7, estava sendo aguardada com muita expectativa pelos fabricantes de caminhões. A ansiedade se transformou em celebração, quando foi anunciado opatamar inédito de 183,5 milhõesde toneladas de grãos, que representa uma alta de 10,5% emelação ao período 2011/2012."O transporte dessa safra recorde vai garantiro ano do setor de caminhões", diz Alarico Assumpção Jr., presidente-executivo da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que prevê um crescimento de 15% nas vendas em 2013.
Com uma malha ferroviária limitada e poucos investimentos em navegação de cabotagem, o escoamento a produção agrícola é concentrado em rodovias. Além disso, a demanda por caminhões está sendo impulsionada pelos juros subsidiados pelo BNDES - na prática, são juros reais negativos.
"Já há encomendas de veículos pesados, acima de 30 toneladas, até o mês dejulho", afirma Assumpção. Ao contrário de 2012, quando a estiagem derrubou o agronegócio, o setor tende a ser um dos protagonistas da expansão econômica brasileira neste ano. "Teremos um crescimento considerável em 2013", diz João de Almeida Sampaio Filho, presidente do Conselho Superiorde Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Desta vez, o clima está jogando a favor." O IB do setor deve crescer 4%, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária, que também faz o cálculo do Valor Bruto da Produção de 20 itens agrícolas e de cinco pecuários. No total, esses 25 produtos devem movimentar R$450,7 bilhões neste ano, uma altade 18,3% em relação a 2012. Em termos práticos, significa mais dinheiro no bolso dos agricultores.
"Os produtores estão bem capitalizados", diz André Carioba, vice-presidente da fabricante de máquinas agrícolas AGCO para a América do Sul. O executivo explica que o sucesso de seu setor em 2013 está baseado no tripé safra recorde, preço elevado de commodities e juros baixos. De fato, os dois primeiros meses do ano começaram com tudo para a indústria de máquinas agrícolas. O balanço da Associação Nacional dos fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgado na quarta-feira, dia 6, mostra que a comercialização de tratores e colheitadeiras acumula alta de quase 25% neste bimestre em relação a 2012. Parte da explicação é o aumento de 4,1% da área total de plantio de grãos no Brasil, o que acaba exigindo mais máquinas agrícolas. Além disso, há uma demanda de produtores por modelos mais avançados. "O agricultor está buscando mais tecnologia, mais produtividade e menor custo de manutenção", diz Carioba.
O milho é um exemplo a ser seguido em termos de ganhos de produtividade. Apesar da diminuiçãoda área de plantio, a segunda safra de milho, conhecida como safrinha, vai crescer 5,5%, totalizando 41,2 milhões de toneladas. A colheita de soja, por sua vez, será 23,6% maior. São números que provocam efeitos colaterais positivos na economia. Um deles é um alívio para a inflação, que paira perigosamente na casados 6% ao ano. A safra recorde, por sinal, tem sido um dos argumentos utilizados pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para justificar a sua convicção de que os preços dos alimentos terão um comportamento mais favorável no segundo semestre.
O consultor da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro de Lima Filho, concorda com Tombini. "Com uma produção elevada de soja e milho, há uma recuperação nos estoques", diz Lima Filho. "E isso alivia os preços desses produtos, que são usados como insumos para aves, suínos, e bovinos."Outro efeito benéfico do bom momento do agronegócio é no comércio exterior.Não fosse o superávit de US$79,4 bilhões do setor, a balança comercial brasileira teria fechado 2012 no vermelho. "É a agropecuária quem sustenta os índices positivos registrados pelo país", diz o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro. Pelos resultados do primeiro bimestre de 2013, o quadro não mudou. As exportações de milho, por exemplo, cresceram 405% nos meses de janeiro e fevereiro, em relação ao mesmo período do ano passado, enquantoas de carne bovina subiram 36%. É realmente a salvação da lavoura.
Fonte: Revista Isto É Dinheiro. Por Luís Nogueira. 13 de março de 2013.
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