O mercado de grãos levou um baque na quinta-feira (28/3) ao se deparar com as últimas estimativas oficiais do governo americano para os estoques domésticos. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o volume armazenado de milho, trigo e soja em 1º de março era significativamente maior do que o projetado pelos analistas de tradings e corretoras. Um sinal de que a produção da safra 2012/2013, castigada pela seca, pode ter sido maior do que se pensava.
Só os estoques de milho ficaram quase 10,00 milhões de toneladas acima do esperado pelo mercado, embora as 137,20 milhões de toneladas estimadas pelo USDA sejam um volume bem inferior as 153,00 milhões de toneladas armazenadas um ano antes, um reflexo da expressiva queda da produção na última safra.
Os estoques americanos de soja somavam 27,20 milhões de toneladas em 1º de março, quase 10,00 milhões a menos do que um ano antes, mas ainda acima do consenso dos analistas (25,70 milhões de toneladas). Já os estoques de trigo foram estimados pelo USDA em 33,50 milhões de toneladas, número que superou não só a média das expectativas (31,70 milhões de toneladas), como o volume armazenado em 1º de março de 2012 (32,60 milhões de toneladas).
A reação do mercado foi praticamente instantânea. Minutos após a divulgação dos números, os futuros de milho atingiram o limite de baixa estabelecido pela bolsa de Chicago, e lá permaneceram até o fechamento. Os contratos com vencimento em maio encerraram em baixa de 5,4%, cotados a US$6,9525 por bushel. Com isso, a commodity devolveu praticamente todo o ganho que havia sido acumulado em março em meio às especulações de aperto nos estoques americanos. O mercado futuro de trigo também amargou perdas expressivas. Os contratos para maio caíram 6,20%, a US$6,8775 por bushel. Já a soja recuou 3,3%, a US$14,0425 por bushel.
Com a percepção de que a oferta disponível nos Estados Unidos é maior do que se esperava, o mercado reduziu o "prêmio" pago pelos grãos da safra colhida no ano passado, o que vinha sustentando os preços dessas commodities. A tendência é que as cotações sigam pressionadas apenas no curto prazo, até que as atenções se voltem para o desenvolvimento da safra 2013/2014, que começa a ser semeada nas próximas semanas. Trata-se de um período no qual o mercado fica particularmente sensível ao clima e a eventuais ameaças à produtividade.
Fonte: Valor Econômico. Por Gerson Freitas Junior. 1 de abril de 2013.
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