O Ministério Público Federal propôs novo acordo para a regularização socioambiental da cadeia produtiva da carne nos estados que integram o bioma amazônico. As empresas que aderirem ao acordo terão novos prazos para exigirem dos seus fornecedores o cumprimento da legislação ambiental e social. O JBS é o primeiro frigorífico a assinar o novo acordo.
O acordo proposto em 2013 uniformiza as obrigações a serem cumpridas por todas as unidades do frigorífico na região amazônica e substitui os termos de ajustamento de conduta (TAC) firmados anteriormente pelo JBS com o MPF do Acre e Mato Grosso, alinhado com as obrigações do TAC no Pará, renovando o compromisso do maior frigorífico do mundo em exigir dos seus fornecedores o cumprimento de critérios de legalidade ambiental e social como requisito para a compra de animais para o abate.
Com a assinatura do acordo, os frigoríficos assumem o compromisso de comprar matéria prima apenas de produtores rurais que não cometam desmatamento ilegal, façam a identificação das suas propriedades - por meio de inscrição nos cadastros estaduais existentes - iniciem o processo de licenciamento ambiental e não tenham ocorrência de trabalho escravo, invasão de unidades de conservação, terras indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.
"Queremos trazer os frigoríficos para assumirem as responsabilidades ambientais e sociais que a atividade econômica que desenvolvem tem obrigação de cumprir e da qual eles são solidários e, assim, aprimorar os padrões já existentes e estabelecer um novo patamar de qualidade onde ainda não há", explicou o procurador da República Daniel César Azeredo Avelino, do Pará, coordenador do Grupo de Trabalho Amazônia Legal, do MPF.
O histórico de diálogo do MPF com as indústrias beneficiadoras e exportadoras de carne bovina começou em 2009, no Pará, e repercutiu no Acre e Mato Grosso. Ao todo 97 frigoríficos já assinaram o TAC. Com isso, produtores rurais irregulares ficam excluídos do mercado da pecuária.
Em quatro anos, a queda do desmatamento na Amazônia foi muito mais significativa no Pará, que respondeu por 75% da redução no desmatamento no ano de 2012, de acordo com dados do Prodes. Outros estados ou não reduziram o desmatamento na mesma proporção ou tiveram incremento, o que justifica a tomada das mesmas ações para toda a Amazônia Legal.
MT e AM - Em março de 2013, após mais de um ano de diálogo com representantes do setor, cinco frigoríficos instalados no Amazonas e 38 em Mato Grosso estão recebendo a íntegra do documento construído coletivamente para celebrarem o acordo com o MPF.
"O MPF vem trabalhando na identificação das propriedades de origem dos animais que são abatidos. Não havendo uma solução consensual, o MPF adotará as medidas para assegurar o respeito à legislação ambiental e social", afirmou o procurador Rodrigo Timoteo da Costa e Silva, de Mato Grosso.
De acordo com a associação dos criadores de Mato Grosso (Acrimat), o estado possui cerca de 115 mil propriedades rurais voltadas para a pecuária e o rebanho bovino é de aproximadamente 28,7 milhões de cabeças, o maior do Brasil. No Amazonas, o rebanho é de cerca de 1,5 milhão de cabeças de gado e das 14 mil fazendas de gado cadastradas nos órgãos sanitários, apenas cinco possuem licença ambiental válida.
O MPF pretende estender a mesma proposta de acordo para os frigoríficos do Amapá, Maranhão, Rondônia, Roraima e Tocantins, uniformizando as obrigações e incentivos dados aos produtores rurais em todos os estados da Amazônia Legal.
"Unificar os acordos para os frigoríficos dessa região é, no entendimento do MPF, dar condições para que haja a isonomia no mercado da carne, já que todos deverão cumprir as mesmas regras e exigir dos seus respectivos fornecedores o cumprimento da lei", explicou o procurador da República Leonardo Macedo, do Amazonas.
Fonte: O Nortão. Por Luiza Archanjo. 1 de abril de 2013.
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