Nesta quarta-feira, dia 1º, volta a vigorar a mistura de 25,0% de etanol anidro na gasolina, porcentual que havia sido reduzido para 20,0% em outubro de 2011. Anunciada no final de janeiro, a medida deve gerar um faturamento adicional de R$2,88 bilhões por ano aos produtores, tomando por base o consumo em 2012 e um preço médio de R$1,35/litro na usina, segundo cálculos de Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo e integrante do Centro de Conhecimento em Agronegócio (Pensa), também da USP.
A expectativa é de que, por mês, o consumo médio de anidro pelas distribuidoras salte de 653 milhões de litros no ano passado para 830 milhões neste ano, afirmou Neves durante evento em Dourados (MS) na semana passada.
O aumento vem na esteira de uma série de estímulos anunciados pelo governo com o intuito de dar maior competitividade ao biocombustível. A desoneração da alíquota PIS/Cofins, de 5,6% para 1,0%, por exemplo, também passa a valer a partir deste 1º de maio. Tais medidas justificam as expectativas de uma safra mais alcooleira no Centro-Sul do Brasil.
Projeção da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) divulgada nesta segunda aponta que a região irá usar 53,8% da oferta de cana-de-açúcar para a fabricação de etanol, porcentual que em 2012/2013 foi de 50,5%. O total de cana alocada para a produção de açúcar deve cair de 49,5% para 46,2% de um ciclo para o outro.
O mix das 47 associadas da Copersucar, por exemplo, deve ficar em 55,0% para etanol e 45,0% para açúcar. A Usina Itamarati, em Mato Grosso, pretende alocar 65,0% do total de cana processada na safra para o biocombustível e apenas 35,0% para o açúcar, diz o presidente da empresa, Sylvio Coutinho. De acordo com ele, 95,0% da produção de anidro já está contratada.
O aumento da demanda gerado com esse reajuste da mistura não preocupa o setor.
- As usinas se modernizaram, aumentaram a capacidade de produção - diz Coutinho.
- Todo incremento de mercado é muito bem-vindo e estamos trabalhando com clima favorável, que vai ajudar na produção de etanol - complementa Adriano Dias, superintendente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar).
O que ainda incomoda o setor, segundo representantes, é a falta de uma política energética definida no Brasil.
- Não podemos ficar como estamos hoje. Temos de ser administrados com planejamento de médio e longo prazos - afirma Dias, que também defende um aumento de 15,0% no preço da gasolina para tornar o etanol mais competitivo.
- Isso não acaba com as dificuldades do setor, mas ajuda - aponta Coutinho, referindo-se ao reajuste da mistura de anidro na gasolina
Fonte: Rural BR. 30 de abril de 2013.
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