Mesmo com os avanços tecnológicos das máquinas agrícolas nos últimos anos, o Brasil ainda está atrás de outros países na introdução dessas inovações, especialmente quando se trata de agricultura de precisão, um conjunto de equipamentos e técnicas que permite maior eficiência na colocação de insumos e garante maior produtividade e redução de custos.
Apesar dessas tecnologias normalmente serem desenvolvidas em outros mercados e adaptadas ao Brasil, não há "gargalo" nesta frente, na avaliação de Milton Rego, diretor da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). "Absolutamente não é o impacto de tecnologia disponível, mas da difusão de tecnologia", diz.
Conforme Rego, de 10,0% a 15,0% da área plantada total no Brasil emprega agricultura de precisão, ante 40,0% ou mais nos EUA. O diretor da Anfavea diz que há potencial até para dobrar o uso desse conjunto de técnica e equipamentos, um mercado ainda concentrado nos agricultores empresariais. Segundo ele, algumas regiões do país nada devem ao cinturão de milho americano, mas outras são semelhantes a países da África subsaariana. Por isso, as empresas estão investindo. "Ninguém quer perder a corrida de inovação".
Pelos cálculos de Rego, cerca de 10,0% das máquinas agrícolas produzidas no Brasil saem de fábrica com tecnologia de agricultura de precisão. E há um grande mercado para empresas que comercializam a parte equipamentos que podem ser acoplados a tratores e colheitadeiras.
Na americana AGCO, 50,0% dos tratores acima de 150 cavalos de potência vêm com tecnologias de agricultura de precisão. Em colheitadeiras, 80,0% têm esses itens, segundo Jak Torretta, diretor de produtos da AGCO América do Sul. Os equipamentos promovem a passagem nas linhas com exatidão e evitam sobreposição e excesso ou falta de adubos e defensivos, que pesam no bolso do agricultor. A agregação de valor de um equipamento desses é estimada entre 10,0% a 40,0% do valor do produto.
Na John Deere, essa tecnologia "embarcada" está em 70,0% dos equipamentos que saem da fábrica, de acordo com Rodrigo Bonato, gerente de contas estratégicas da empresa para a América Latina.
Para Torretta, a nova geração de agricultores que têm experiência internacional adota a tecnologia mais rapidamente. O segmento canavieiro foi o primeiro a adotar o piloto automático, diante da necessidade de se evitar o pisoteio da soqueira da cana, que reduz em até 25,0% a produtividade. Hoje, segundo ele, se percebe uma adoção mais forte de agricultura de precisão em grandes propriedades do Centro-Oeste.
Fonte: Valor Econômico. 2 de maio de 2013.
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