Os estivadores dos portos de Santos e Paranaguá entraram em greve às 13h de terça-feira (14/5) por conta de divergências em relação à Medida Provisória 595, a chamada MP dos Portos, que está em análise na Câmara dos Deputados, informou a Federação Nacional dos Estivadores.
"Querem intervir no acordo que foi feito... que não foi incluído no relatório da MP", disse à Reuters por telefone o presidente da Federação Nacional dos Estivadores, Wilton Ferreira Barreto.
A paralisação já havia sido anunciada no plenário da Câmara pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, que também é presidente da Força Sindical.
No porto de Santos (SP), o maior da América Latina, os únicos carregamentos que estavam sendo realizados eram por máquinas e esteiras, de acordo com a administração do terminal. Entre esses carregamentos que não precisam de mão de obra está o de grãos.
Em Paranaguá (PR), importante porto para as exportações de grãos do país, nenhuma embarcação estava sendo carregada, de acordo com a administração da unidade.
O porto do Rio de Janeiro, que segundo Barreto também havia aderido à greve, funcionava normalmente, segundo a administração portuária e o sindicato local da categoria.
Para Paulinho, a MP da maneira que está tira direitos dos trabalhadores do setor. Ele defende que a contratação nos novos terminais portuários também seja feita por meio dos Órgãos Gestores de Mão de Obras (Ogmo).
Outras centrais sindicais, no entanto, assinaram documento apoiando o texto original da MP, por entenderem que contempla os direitos dos trabalhadores portuários.
"O texto que nós discutimos com o relator, na nossa avaliação, contempla os interesses dos trabalhadores", afirmou o presidente da CUT, Wagner Freitas, após a reunião com o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
"A Força Sindical não assinou esse documento, mas as demais centrais sindicais apoiam o texto do relatório do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), que foi negociado com as centrais sindicais em relação ao capítulo dos trabalhadores", disse Freitas.
Além da CUT, também assinaram o documento representantes da Nova Central Sindical, da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).
O presidente da UGT, Ricardo Patah, argumentou que a MP contempla os direitos "pétreos" dos trabalhadores e que a negociação para contratação de trabalhadores, em portos públicos ou privados, será feita por meio dos sindicatos.
Fonte: Reuters. Por Eduardo Simões e Peter Murphy. 14 de maio de 2013.
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