O alto custo da logística permanece como um dos piores entraves para a competitividade da cadeia produtiva do milho no país. De cada três sacas de milho que são destinadas aos portos brasileiros, duas ficam no meio do caminho para o pagamento do frete, já que é preciso vencer longas distâncias da região que produz para a que consome.
Para mudar o quadro, o setor deve elaborar um plano de ação que receberá investimentos de R$1,20 bilhão do governo federal e da iniciativa privada. A medida teria sido solicitada pela própria presidente Dilma Rousseff. A ideia é investir na construção de armazéns e ter um seguro que garanta a renda do produtor.
A colheita da segunda safra de milho começa nos próximos dias. A previsão é de que haja uma sobra de 22 milhões de toneladas em relação à necessidade de consumo do país. A safra do grão dos Estados Unidos, que começará a ser colhida em setembro, também deverá ter excedentes de exportação. A grande oferta do produto provocará a redução do que é pago pelo mercado, valor que já está abaixo de R$13,00 para a saca de 60 quilos - preço mínimo de garantia estipulado pelo governo.
- No ano passado, chegamos a ter R$15,20 por saca dependendo da região em Mato Grosso. Neste ano, estamos trabalhando com R$11,12 por saca. Significa que nós já rompemos a barreira do preço mínimo e o governo vai ter que intervir para garantir o que está previsto em lei - destaca o diretor-executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Moraes Rosa.
- O preço para transportar uma saca de milho de Mato Grosso ao Rio Grande do Sul já está mais alto do que o próprio valor do produto. Está custando em torno de R$15,00 o custo do frete para uma saca de milho do MT ao RS, enquanto o milho está custando R$12,00. Então, é um absurdo. Onde o preço do frete é maior do que o preço do próprio produto? - questiona o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Fabiano Coser.
Enquanto nos Estados Unidos, o transporte de uma tonelada da fazenda até o porto sai por US$12,00, aqui, o valor é dez vezes maior porque o milho é posto em um caminhão, que chega a rodar 1.100 quilômetros para chegar ao porto.
- A cada três sacas que você movimenta dessa produção exportando, você deixa duas sacas só para cobrir o frete. É realmente um problema seríssimo - acrescenta Rosa.
O presidente da Abramilho, Alysson Paolinelli, no entanto, aponta que, pela primeira vez, será levado ao governo um plano bem estruturado para resolver o problema, que terá apoio da Embrapa e da Fundação Dom Cabral.
- Vamos mostrar ao governo as vantagens de o Brasil ser um grande player na produção de milho. Nós estamos aceitando a convocação da presidente. É um programa de parceria. Nós vamos entrar com tanto dinheiro quanto o governo. Os próprios produtores estão se organizando para isso - explica.
Fonte: Canal Rural. Por Daniela Castro. 25 de maio de 2013.
Qual a expectativa para os preços da soja no Brasil em janeiro de 2025?
Receba nossos relatórios diários e gratuitos