Depois de muito tempo perdendo para a soja em produtividade, os produtos voltados para o mercado interno, como arroz, feijão, trigo e milho, são agora os que mais avançam na quantidade de sacas colhidas por hectare plantado, estimulados pelo aumento do consumo doméstico. "Os produtos com maior potencial de crescimento por produtividade hoje são os de mercado interno, especialmente o milho, que ganha impulso também com a exportação do excedente de produção", diz Flavio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (OCEPAR).
Para José Garcia Gasques, coordenador de planejamento estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a produtividade do milho pode chegar a 9 toneladas por hectare, ante a média nacional atual de 4 toneladas a 5 toneladas/ ha. "Arroz, feijão, milho e trigo são alimentos básicos que, mais recentemente, estão sendo produzidos com muita tecnologia", diz Gasques.
"Há tecnologia disponível para aumentar mais a produtividade dos alimentos de consumo interno, que não avançou muito nas décadas passadas", diz José Roberto Rodrigues Peres, chefe geral da Embrapa Cerrados. "O feijão, por exemplo, produzido por agricultores familiares, tem um rendimento bem abaixo do que o obtido por uma produção mais profissional. A agricultura familiar é um nicho enorme, cuja produtividade pode aumentar muito com assistência técnica e extensão rural", afirma Peres. Nessa faixa de agricultores, onde a taxa de analfabetismo é alta e a renda é baixa, principalmente no Nordeste, extensão rural e assistência técnica são essenciais para a introdução de novas técnicas. Segundo Peres, esses produtores representam uma grande oportunidade para o país aumentar em curto prazo a produção de alimentos. "A tecnologia já existe, é só transferir", diz.
Com três safras por ano, o feijão tem rendimento médio de 720kg (ou 12 sacas de 60kg) a 1,8 mil kg (30 sacas), segundo a Embrapa Arroz e Feijão. O Brasil é o maior produtor mundial e Minas Gerais, o maior produtor nacional, com cerca de 15% da produção brasileira.
Já o arroz vem apresentando ganhos acentuados de produtividade, tendo passado de 3,25 mil kg/ha, na safra 2002/2003, para 4,96 mil kg/ha previstos para 2012/13. Esse aumento compensou a forte redução de área plantada com o cereal nos últimos anos, provocada, segundo a Embrapa Arroz e Feijão, pela concorrência com culturas mais lucrativas, como soja, milho, algodão, cevada, cítricos, gramíneas e, mais recentemente, cana-de-açúcar, no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste.
A produção de arroz passou de 11,12 milhões de toneladas, em 2000, para as 11,86 milhões previstas para 2012/13, segundo a CONAB, enquanto a área plantada encolheu 30%, para 2,4 milhões de hectares no período. O Rio Grande do Sul, que utiliza as tecnologias mais avançadas para a cultura, é o maior produtor nacional de arroz, responsável por 66,9% da safra brasileira e por 44,6% da área plantada com o cereal no país.
Fonte: Valor Econômico. 5 de agosto de 2013.
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