O lançamento do Enlist nos Estados Unidos está pelo menos dois anos atrasado e não deverá acontecer antes de 2015, na melhor das hipóteses. O principal obstáculo da Dow é convencer as autoridades regulatórias e a opinião pública de que o sistema é seguro para a saúde e o ambiente - um desafio que a Monsanto teve de enfrentar para consolidar o Roundup Ready.
No ano passado, organizações como o Centro para Segurança Alimentar dos Estados Unidos coletaram mais de 400 mil petições contrárias à aprovação da soja e do milho Enlist. O temor é que a liberação dos novos transgênicos aumente de maneira significativa o uso do 2,4-D, ingrediente do agente laranja, que foi usado pelo Exército americano durante a Guerra da Vietnã e provocou sérios problemas de saúde. Os defensores da tecnologia alegam, porém, que os danos no Vietnã foram provocados pelo outro componente do agente laranja, o 2,4,5-T.
A preocupação também diz respeito ao fato de o 2,4-D ser um defensivo com elevado índice de dispersão no ambiente e seu uso em larga escala ameaçar lavouras não geneticamente modificadas para serem resistentes ao agente químico.
Em março deste ano, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) informou que iria produzir mais dois relatórios de impacto ambiental relacionados ao uso das sementes transgênicas e à aplicação da mistura dos herbicidas glifosato e 2,4-D, mas ponderou que o 2,4-D vem sendo usado "de maneira segura" no país desde os anos 1960 e que a nova tecnologia pode dar mais flexibilidade aos agricultores. O sistema Enlist foi submetido à aprovação das autoridades dos EUA em 2009.
No Brasil, os pedidos de registro relacionados ao Enlist estão sendo analisados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) desde o ano passado. A expectativa da Dow é que a liberação no país aconteça em 2016 (ver abaixo).
Apesar do barulho, o 2,4-D é utilizado por agricultores de praticamente todo o mundo. Conforme a Dow, que desenvolveu o ingrediente ativo há mais de 60 anos, o produto é liberado em 82 países, incluindo EUA, Brasil, Argentina, Alemanha e França. Contudo, o agente é usado, hoje, na "limpeza" da área antes do cultivo. Sob o sistema Enlist, sua utilização pode mais do que triplicar.
"O 2,4-D é possivelmente o defensivo mais estudado da história. É seguro, conhecido e o que melhor atende às necessidades do produtor, razão pela qual nos sentimos confortáveis em seguir em frente", diz Daniel Kittle, líder global de pesquisa e desenvolvimento da companhia. Kittle afirma que a Dow desenvolveu "um novo" 2,4-D, com índices "sensivelmente menores" de dispersão no ambiente e, portanto, mais seguro do que as formulações já utilizadas. "Reinventamos o 2,4-D. Fizemos um avanço enorme". (GFJ)
Fonte: Valor Econômico. 16 de agosto de 2013.
Confina Brasil divulga benchmarking, análise comparativa da pecuária intensiva brasileira
Receba nossos relatórios diários e gratuitos