Em meio aos crescentes problemas com a resistência de ervas daninhas ao defensivo glifosato, a Monsanto se prepara para lançar nos Estados Unidos o produto que deve, finalmente, substituir a tecnologia Roundup Ready (RR), que inaugurou o uso de transgênicos na agricultura e transformou a companhia de St. Louis na líder mundial em biotecnologia agrícola.
Até 2015, a companhia espera colocar no mercado sementes de soja geneticamente modificadas para sobreviver tanto ao glifosato quanto ao herbicida dicamba. Segundo a Monsanto, a tecnologia também torna as plantas mais produtivas que as variedades convencionais.
O novo transgênico, batizado de "RR 2 Xtend" é a principal aposta da companhia para manter a liderança no segmento - hoje, a tecnologia RR está presente em quase 90% das lavouras comerciais de soja dos Estados Unidos e do Brasil.
Mas, ao contrário de sua antecessora, que reina sozinha há mais de 15 anos, a RR2 Xtend deverá enfrentar uma concorrência acirrada. Dow AgroSciences, Bayer CropScience e Syngenta também prometem lançar novos transgênicos resistentes a herbicidas nos próximos anos.
O lançamento da RR2 Xtend no mercado americano aguarda apenas a liberação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que recentemente pediu mais tempo para estudar os impactos da tecnologia no meio ambiente. Segundo o presidente e diretor comercial da Monsanto, Brett Begemann, o produto só deve chegar ao Brasil entre 2018 e 2020.
A Monsanto também prepara, já para a próxima safra americana, o lançamento de um sistema de agricultura de precisão chamado "FieldScripts" - parte de um esforço de diversificação da companhia, ainda muito atrelada aos transgênicos.
O "FieldScripts" é um aplicativo destinado a aumentar a eficiência do plantio. O software é instalado em uma plantadeira de precisão e, com base em amostras de solo e índices de produtividade repassados pelo agricultor à Monsanto, indica como o cultivo deve ser realizado a fim de maximizar o potencial de produtividade da terra.
O sistema determina a quantidade de sementes por hectare, a profundidade em que a semente deve ser colocada e a variedade mais apropriada de semente para cada tipo de solo.
"A máquina avalia a qualidade do solo e coloca menos sementes onde a condição é ruim e mais onde é melhor. Também podem ser plantadas sementes com tecnologias diferentes em cada área, de acordo com a necessidade", explica o gerente do Centro de Aprendizado da Monsanto, Troy Coziah. A Monsanto ainda não divulgou como vai cobrar pelo serviço.
Para se manter "líder na indústria de pesquisas", a Monsanto Company anunciou que vai investir US$400 milhões em 2013 e 2014 no centro de Pesquisa de Chesterfield, em St. Louis. Além de mais área física para pesquisadores, a área de estufas deve passar de um hectare para dois hectares.
Fonte: Valor Econômico. Por Tarso Veloso. 2 de setembro de 2013.
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