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Produtividade do milho deve cair em Mato Grosso


Terça-feira, 22 de outubro de 2013 - 09h14

A tendência de queda da produção brasileira de milho neste ciclo 2013/14, decorrente de uma perda de espaço para culturas atualmente mais rentáveis, como a soja no plantio de verão e o algodão e o girassol na safra de inverno, poderá se aprofundar graças a projeções pessimistas para a produtividade das lavouras em Mato Grosso.

Graças a um forte avanço da semeadura na chamada "safrinha", o estado passou a liderar a semeadura do cereal no país.

Cálculos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) indicam que os preços deprimidos do milho na última safra, em parte em função de uma superoferta - foram 81 milhões de toneladas no país em 2012/13, 24,5% do total colhido em Mato Grosso -, já devem provocar uma queda de 9,3% da área plantada no estado, para 3,35 milhões de hectares.

Mas, além disso, os investimentos em insumos tendem a recuar, o que poderá provocar uma queda de 20% no rendimento das plantações, para 81 sacas por hectare.

Assim, a previsão do IMEA é que o Estado colha 16,34 milhões de toneladas de milho em 2013/14, 27,5% menos que na temporada passada e volume bem inferior ao estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que chega a quase 20 milhões de toneladas.

Laercio Pedro Lenz, presidente do Sindicato Rural de Sorriso, um dos principais polos de grãos de Mato Grosso, é ainda mais pessimista que o IMEA. "A expectativa é que sejam produzidas na nossa região cerca de 2 milhões de toneladas de milho, 40% menos que em 2012/13", disse.

Segundo Lenz, na região as chuvas começaram apenas em 5 de outubro - em 2012, vieram em 25 de setembro - e retardaram o início da semeadura da primeira safra de soja, o que postergará também o plantio do milho de segunda safra. "Estamos com 40% da soja plantada e a cada dia se esgota a janela segura de plantio do milho na safrinha", disse.

Conforme o IMEA, a semeadura de soja chegou a 27,4% da área total prevista em Mato Grosso até o dia 17, 5,4 pontos percentuais a menos que em igual período do ano passado, quando estava em jogo o plantio da safra 2012/13. Conforme o instituto, os trabalhos ganharam ritmo nos últimos dias.

O atual patamar de preços do milho, entre R$8 e R$9 por saca, abaixo do mínimo de R$13,56 estabelecido pelo governo, também desestimula investimentos na produção, com reflexos negativos sobre o rendimento das lavouras.

O IMEA estima que o custo operacional (incluindo insumos, mão-de-obra e manejo) para o plantio de milho em Mato Grosso esteja em R$1,12 mil por hectare nesta safra, 8% acima de 2012/13. O gasto com sementes subiu 9,2%, para R$354,92 por hectare, e com fertilizantes aumentou quase 21%, para R$493,05.

Esse encarecimento tornou lenta a aquisição de insumos. Lenz estima que apenas 10% deles tenham sido comprados até agora, ante 70% no mesmo período do ano passado.

Fonte: Valor Econômico. Por Mariana Caetano. 21 de outubro de 2013.


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