O clima quente e seco em grande parte do Centro-Sul do país tem prejudicado a maioria das culturas produzidas nessas regiões. De acordo com pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, café, boi, milho e ovos são alguns produtos que estão sendo reajustados para cima por esse motivo.
As condições climáticas desfavoráveis devem reduzir a produtividade do café arábica. "Com as condições climáticas ruins no correr deste ano, agentes consultados pelo CEPEA explicam que o enchimento dos grãos está comprometido e, portanto, o volume final, em sacas, pode ser menor", diz boletim.
Esse quadro tem resultado em avanços nas cotações da variedade na bolsa de Nova York (ICE Futures) e, por consequência, no mercado brasileiro. Desde o início deste ano, o indicador CEPEA do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto em São Paulo, subiu 19,0%, para R$341,16 a saca de 60 quilos. Somente em fevereiro, o indicador teve alta de 12,5%.
A falta de chuva e o forte calor prejudicam também o desenvolvimento das pastagens, dificultando a engorda de bois que seriam abatidos neste início de 2014. Com isso, mesmo nesta época tradicionalmente considerada "entrada de safra", a oferta de animais se mantém relativamente baixa e os preços, firmes, diz o CEPEA.
O indicador do boi gordo Esalq/BM&FBovespa (estado de São Paulo) teve média de R$114,16 em janeiro, alta de 17% em relação à media de janeiro de 2013. Na parcial de fevereiro (até o dia 10), o indicador acumula valorização de 1,5%, para R$116,83.
O clima adverso em parte de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná tem reduzido o ritmo de plantio da segunda safra de milho. Esse cenário, combinado às altas nos preços externos do grão e à valorização do dólar frente ao real, tem elevado as cotações domésticas na média das regiões acompanhadas pelo CEPEA. Somente em fevereiro (até dia 10) o indicador do milho Esalq/BM&FBovespa (região de Campinas-SP) teve avanço de 6,5%, para R$28,37 a saca.
Quanto à soja, o clima quente e seco até favorece a colheita no Sul, Sudeste e em parte do sul de Mato Grosso do Sul, mas está deixando sojicultores preocupados quanto ao desenvolvimento das lavouras em fase de floração e de frutificação. As cotações da soja subiram na Bolsa de Chicago em alguns dias desde a semana passada puxadas por temores sobre o impacto do clima no Brasil, porém sem reflexo nos preços domésticos, diz o CEPEA.
A produção de ovos também está prejudicada em todas as regiões pesquisadas pelo CEPEA. Segundo agentes do setor, as altas temperaturas estão elevando o índice de mortalidade das galinhas e, portanto, reduzindo a oferta de ovos.
De 3 a 10 de fevereiro, as cotações do ovo tipo extra, branco, subiram 10,9% na Grande São Paulo, com a média da caixa com 30 dúzias a R$56,53. No mesmo período, os preços dos ovos tipo extra, vermelho, aumentaram 18,3% também na Grande São Paulo, para R$68,43 a caixa com 30 dúzias.
Em relação às laranjas, as da safra 2013/14 já foram afetadas, reduzindo a qualidade do produto. "Citricultores consultados pelo CEPEA relatam que a temporada seguinte também pode ser comprometida, já que as frutas estão em fase de desenvolvimento", diz o boletim.
Os preços da pera in natura também têm sido influenciados pela menor oferta de frutas de qualidade, a média de janeiro foi de R$18,98 a caixa de 40,8 quilos, na árvore, 39,6% superior à de dezembro e 112,3% acima da de janeiro do ano passado.
Fonte: Valor Econômico. 12 de fevereiro de 2014.
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