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FMI diz que Brasil deve ter pequena recuperação nas taxas de crescimento em 2015


Segunda-feira, 28 de abril de 2014 - 08h53

O Brasil deve ter "certa recuperação" nas taxas de crescimento em 2015, mas a perspectiva para o país e para a América Latina é de níveis de expansão menores do que em anos recentes, inferiores sobretudo ao período marcado pelo boom internacional do preço das commodities, entre 2002 e 2011.

A afirmação foi feita pelo diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Alejandro Werner, em entrevista coletiva para apresentar estudo sobre a região em Lima, no Peru, transmitida pela internet. Segundo o relatório "Perspectiva Econômica Regional para o Hemisfério Ocidental", divulgado em Lima, no Peru, nesta semana, o Brasil deve continuar com a economia em marcha lenta e a inflação elevada em 2014, apesar da forte alta de juros promovida pelo Banco Central.

- Para 2015, o Brasil vai crescer um pouco mais, porque temos visto queda da incerteza com relação à política econômica, e isso eventualmente vai ter efeito sobre o investimento. Também porque o programa de infraestrutura tem ganhado velocidade e deve ajudar o crescimento - disse Werner.

A previsão do FMI é de que o Brasil cresça 1,8% este ano, uma das menores taxas de expansão das Américas. Excluindo a Argentina e Venezuela, apenas países pequenos da região - Santa Lúcia, Jamaica, Granada, Antígua e Barbuda, Dominica, Barbados e El Salvador - devem ter expansão menor que a economia brasileira este ano, segundo o relatório do Fundo.

No continente, os Estados Unidos devem ser um dos destaques e crescer 2,8% este ano. A Argentina deve se expandir 0,5% e a Venezuela encolher 0,5%, segundo as projeções do FMI, que não tiveram alterações em relação às divulgadas na reunião de primavera do Fundo em Washington, no começo do mês.

O Brasil deve se expandir menos que a média da América Latina, com crescimento previsto de 2,5% este ano. O destaque na região entre as grandes economias deve ser o México, com expansão estimada de 3%. Já o Panamá deve ficar com o maior crescimento do PIB, de 7,2%.

O FMI atribui o fraco desempenho do Brasil a um conjunto de fatores. A fraca confiança dos empresários continua pesando negativamente no investimento privado, que vem mantendo desempenho pífio. O Fundo também cita os gargalos na infraestrutura, que desestimulam o investimento privado e contribuem para a perda de competitividade do país.

No caso da inflação, o relatório do FMI destaca que ela deve permanecer no topo da meta do Banco Central, apesar do aperto monetário significativo desde abril do ano passado. Os economistas do Fundo citam alguns fatores para explicar a persistente alta de preços, que incluem os estrangulamentos na infraestrutura, inércia inflacionária e reflexos da desvalorização passada do real.

A recomendação do Fundo para os países com inflação persistentemente alta é de que ambas as políticas, monetária e fiscal, sejam usadas para conter a pressão nos preços e reforçar a credibilidade da política econômica.

América Latina

A América Latina tem crescido muito pouco, afirmou o diretor, basicamente por culpa do Brasil e do México, as maiores economias da região e que vêm tendo desempenho fraco desde 2012. A previsão para 2014 é de expansão regional de 2,5%, abaixo dos 2,7% de 2013.

- O crescimento deste ano da América Latina deve ser o menor dos últimos 11 anos, excluindo 2009, que foi marcado pela crise financeira internacional - disse.

Em 2015, a região deve ter uma recuperação e avançar 3,0%. Mas, nas estimativas feitas para até 2019, a avaliação do FMI é que dificilmente os principais países da região terão os mesmos níveis de expansão vistos até 2011, período marcado por alta nos preços internacionais dos preços das commodities.

Nos cenários traçados pelo FMI, mesmo se o preço das commodities permanecer estável nos níveis atuais até 2019, o crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) dos exportadores de commodities da América Latina - Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai - seria 0,9 ponto porcentual menor que no período 2012/2013 e 1,3 ponto abaixo do período do boom dos preços, entre 2003 a 2011.

- Um cenário de preços estáveis das commodities afetaria o crescimento econômico da região e uma queda dos preços teria impacto importante na atividade - disse Werner, destacando que as estimativas numéricas são feitas por exercícios econométricos e sujeitas a incertezas.

O diretor do FMI destacou que a região historicamente investe muito pouco e a perspectiva é de que os níveis de investimento continuem moderados. Por isso, ele reforçou a necessidade de reformas estruturais para destravar os gargalos na infraestrutura e melhorar a competitividade dos países.

Com a mudança da política monetária dos Estados Unidos em curso, os países da América Latina devem enfrentar volatilidade, disse o diretor. Para lidar com eventuais fugas de capital, Werner destacou que os países latinos precisam desenvolver bases mais amplas de investidores domésticos.

Fonte: Estadão Conteúdo. 25 de abril de 2014.


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