A Rússia volta os olhos para as carnes brasileiras. Os russos reabilitaram oito frigoríficos em um curto período e já avisaram o governo do Brasil que darão um tratamento especial ao país.
Essa busca pela carne brasileira tem um motivo. Questões políticas e doenças reduziram os países fornecedores de proteínas à Rússia.
A reaproximação dos russos com o Brasil é importante, segundo Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteínas Animal).
Os russos conseguem produzir apenas 60,0% da carne suína consumida e também são dependentes de carnes bovina e de frango.
Embora a Rússia venha buscando a autonomia nesse setor de proteínas, ainda é obrigada a buscar parte da carne consumida na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá e no Brasil, entre outros países.
Um dos grandes problemas atuais para os russos é a diarreia suína, uma doença que afeta a produção dos Estados Unidos, do Canadá e do México. Além disso, a animosidade dos russos com os europeus, devido à Ucrânia, dificulta as negociações.
Um outro ponto importante é que a Ucrânia servia para a Rússia como ponte para a entrada de carnes, assim como Hong Kong é para a China. Ou seja, oficialmente russos e chineses não compram carnes de algumas regiões, mas elas podem entrar por esses vizinhos.
Na semana passada, o ministro da Agricultura do Brasil, Neri Geller, teve encontro, em Paris, com Dankert Sergey, do serviço de defesa agropecuária da Rússia.
Nesse encontro, o funcionário do governo da Rússia disse a Geller que o país terá uma necessidade urgente de carnes e que dará um tratamento especial ao Brasil.
A necessidade russa por carnes vem em um bom momento para os produtores e poderá dar mais sustentação aos preços, que estão em queda. O problema é que a oferta interna, principalmente de carne suína, não tem excesso e o ciclo de produção demora 11 meses.
Essa oferta ajustada se deve às dificuldades vividas pelos produtores nos últimos anos. Curiosamente, esse cenário de pouca oferta foi provocado pelos próprios russos, que impuseram barreiras ao produto brasileiro.
Fonte: Folha de São Paulo. 5 de junho de 2014.
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