Usineiros e produtores de cana estão enfrentando uma das piores crises no setor. Mais de 40 usinas interromperam as atividades nos últimos anos, só nesta safra, 12 fecharam as portas.
Há mais de 50 anos, a família de José Saulo Padovese trabalha no cultivo de cana, em Jaú, no interior de São Paulo. O negócio vinha sendo passado de pai para filho, mas está ameaçado. O preço do produto não acompanhou o aumento dos custos de produção. "Há cinco anos, não temos reajuste, enquanto os insumos e os produtos todos subiram muito", diz o produtor.
O agricultor quer parar de vender a cana para as usinas e investir na própria fazenda.
Em todo o Brasil há 70,0 mil produtores de cana. Eles se uniram aos donos de usinas para pedir ao governo mudanças no setor, entre elas, o aumento na mistura de etanol na gasolina de 25,0% para 27,5%, mais incentivo para a produção de bioenergia nas usinas e menos impostos para o etanol.
O Brasil tem 389 usinas de produção de açúcar e etanol, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar. Doze não vão operar este ano e desde 2008, 44 já deixaram de operar.
Uma delas fica em Presidente Alves, no interior de São Paulo. A empresa tem dívidas de mais de R$60,0 milhões e fez um acordo na Justiça para pagar os credores. Marcos Alves de Souza é advogado do comitê que representa 1,5 mil produtores de cana. Segundo ele, desde setembro do ano passado, ninguém recebeu um tostão.
Outra usina, em Espírito Santo do Turvo, também parou a produção. A empresa demitiu mil cortadores de cana.
Muitas famílias tiveram que se mudar em busca de novos trabalhos na região, como Jaqueline de Andrade, que conseguiu emprego na prefeitura. Durante cinco anos, ela trabalhou na usina e ainda tem esperança de receber cerca de R$10,0 mil.
Fonte: Globo Rural. 30 de julho de 2014.
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