O desafiador ambiente macroeconômico do Brasil continuará a representar riscos para as empresas do país até pelo menos meados de 2015, afirma a agência de classificação de risco Moodys, em relatório divulgado em 31 de julho.
"As companhias de proteína brasileiras continuarão a desfrutar de altas exportações e preços favoráveis por conta da moeda fraca do brasil. Mas a desaceleração da economia do Brasil vai se traduzir em desempenhos fracos para companhias dos setores de construção de moradias e de transporte e logística em 2014/15", disse a Moodys.
Segundo a agência, o real fraco beneficia exportadores de carne como BRF, Minerva, Marfrig, JBS, cujos produtos continuarão a ser competitivos nos mercados globais baseados no dólar. Já os segmentos de açúcar/etanol e transporte e logística enfrentarão condições difíceis até pelo menos metade de 2015, pelo clima desfavorável, oferta limitada de cana e controle do governo sobre os preços da gasolina.
"A exposição da Tegma à fraca indústria automotiva do Brasil vai enfraquecer seu fluxo de caixa, e a companhia aérea Gol ainda enfrenta alta alavancagem e hedge limitado contra uma desvalorização significativa do real", disse a Moodys.
Já as empresas de mineração e produtoras de aço enfrentarão preços menores e demanda fraca. "A Vale está bem posicionada para tolerar preços menores de minério de ferro e a produção mais baixa de aço pela China até pelo menos meados de 2015, por causa de seu baixo custo estrutural", disse a Moodys.
A agência acrescentou que Gerdau, CSN e Usiminas têm liquidez adequada até metade de 2015, mas experimentarão competição das importações, possível racionamento de energia no país e sobrecapacidade de produção de aço persistente no mundo.
Além disso, os altos investimentos e limites do governo ao preço da gasolina deverão pressionar o fluxo de caixa da Petrobras, segundo a agência.
A Moodys acrescenta que o programa brasileiro de investimento em infraestrutura, de US$246,00 bilhões, beneficiará as maiores construtoras, como Odebrecht e Andrade Gutierrez.
"A economia apresenta dificuldades com o declínio gradual do consumo, desaceleração do investimento e deterioração da confiança do investidor. O consumo e a disponibilidade de crédito perderam fôlego, à medida que o endividamento das famílias e a inflação deixaram os consumidores menos inclinados a gastar", disse Barbara Mattos, vice presidente e analista sênior da Moodys.
A Moodys espera que o PIB do Brasil cresça 1,3% em 2014 e 1,5% em 2015.
Na avaliação da agência, pouca chuva e clima quente no país ainda podem ser um elemento de peso adicional sobre a já fraca produção industrial brasileira.
O cenário climático elevou o risco de racionamento de energia no país, segundo a Moodys, em decorrência do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas e comprometimento da geração de energia elétrica.
"Uma redução obrigatória eventual no consumo de energia elétrica reduziria a produção industrial e, portanto, as receitas, e os preços mais elevados de eletricidade aumentariam os custos e pressionariam as margens", afirmou a agência no relatório.
Fonte: Reuters. Por Anna Flávia Rochas. 31 de julho de 2014.
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