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Financiamento pode mudar


Terça-feira, 12 de agosto de 2014 - 09h04

Na safra passada, ciclo 2013/14, as revendas foram os maiores financiadores da sojicultura estadual, registrando participação inédita no "bolo" das fontes de recursos que são buscadas pelos produtores para o custeio das lavouras, o chamado financiamento da soja. Para 2014/15, o financiamento ainda não está definido, mas a demanda por R$13,95 bilhões, cifras necessárias para a nova safra, deverá alterar a busca por recursos que em suma se divide entre multinacionais de fertilizantes e grãos, revendas, sistema financeiro, bancos federais e recursos próprios.

Diante de um cenário de preços pouco remuneradores - ou sem apontar nenhuma rentabilidade em alguns momentos - a tendência é de que a participação das revendas caia e a captação junto aos bancos federais e o desembolso próprio, aumentem no estado.

Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o custeio da safra 2014/15 de soja está estimado em R$1,61 por hectare, 23,7% maior que o registrado no ciclo anterior. Com previsão de semear 8,67 milhões de hectares, a nova safra vai custar cerca de R$13,95 bilhões, ante R$11,28 bilhões aplicados anteriormente. O custeio considera apenas despesas com insumos, mão de obra e operação de máquinas. O custo total de cada hectare deve ultrapassar R$2,40 mil.

A configuração do financiamento desta nova safra de soja deverá apresentar avanços nos aportes obtidos junto aos bancos federais, que operam o Plano Agrícola e Pecuário e linhas especiais com juros controlados e fixos, e na disponibilização de recursos próprios, já que os produtores vêm de pelos menos cinco a seis safras de boa rentabilidade e diante de um cenário de incertezas para o próximo ano, devem evitar endividamentos. Conforme o IMEA, o extrato do financiamento 2014/15 só poderá ser conhecido quando toda safra estiver definida, mas há, considerando os fundamentos atuais de mercado que têm pressionado a cotação da soja para baixo, tendência de menor participação das revendas e ganho de espaço dos bancos federais e do capital próprio.

Revendas

Nas últimas seis safras, de 2008/09 a 2013/14, a participação das revendas no total necessário para se plantar uma safra passou de 11,0% para 32,0%, recorde obtido no ano passado quando essas empresas financiaram por meio da troca de insumos pela a produção, R$3,58 bilhões de um total de R$11,28 bilhões.

Como as recentes baixas no mercado internacional têm deixado a modalidade "troca" desvantajosa ao produtor - demandando mais sacas de soja pela mesma quantidade de insumo como fertilizantes e defensivos - o produtor que pode, tem optado por buscar o dinheiro no banco para comprar à vista seus produtos e assim segurar a produção e ter uma dívida em reais com o agente financiador.

Depois do encarecimento da relação de troca, o principal indicador que aponta para perda de participação é a movimentação das vendas antecipadas. A maior parte dessa modalidade é fruto do escambo, a produção que nem foi plantada serve como moeda para o produtor adquirir os produtos básicos, que são pagos no pós-colheita. A venda antecipada que fechou junho de 2013 comprometendo 27,7% da soja estimada, nesse ano atingiu apenas 1,9% de uma projeção de produção de 27,30 milhões de toneladas.

Neste ano, às vésperas do início do plantio, a cotação da saca de soja no universo da relação de troca está em cerca de US$16,00 ante US$22,00 em igual momento de 2013. Produtores ouvidos pelo Diário são unânimes em afirmar que o valor ofertado para as trocas inviabiliza a safra.

As multinacionais também são agentes importantes no financiamento da safra, mas fizeram nos últimos seis anos-safras o caminho inverso da ascensão das revendas, passaram de uma participação de 50,0% para 7,0%, ano passado.

Os bancos federais podem atingir o recorde em 2014/15 já que têm no histórico do IMEA, evolução de 7,0% para 23,0%, no mesmo período de comparação. Em 2013, de um custo total de R$11,28 bilhões, eles aportaram R$2,56 bilhões.

2013/14 - No ano passado o custo médio ponderado com insumos para semear um hectare de soja, em Mato Grosso, foi de R$1,36 mil. Conforme levantamento do IMEA, o maior financiador em 2013/14 foram as revendas, com 32,0% do total utilizados, correspondendo a cerca de R$3,60 bilhões. Em segundo lugar está o uso do capital próprio, com 30,5%, mostrando que os produtores conseguiram financiar em grande parte a sua produção. Em terceiro lugar vieram os bancos federais, com 23,0% do total.

Os dois últimos financiadores foram o sistema de crédito não-oficial e as tradings, com 8,0% e 7,1% respectivamente de participação. "No ano passado, recursos próprios e revendas, juntos, somaram mais de 60,0% do financiamento da safra".

Fonte: Diário de Cuiabá. Por Marianna Peres. 10 de agosto de 2014.


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