Termina o vazio sanitário da soja, período em que por lei os produtores não podem plantar o grão para evitar a proliferação de doenças.
Contudo, a semeadura não deve começar em Mato Grosso, maior estado produtor do país, porque não estão previstas chuvas generalizadas e em grandes volumes ao longo desta semana. No Paraná, porém, segundo maior estado produtor, os trabalhos estão prestes a começar.
Segundo a Somar Meteorologia, em Mato Grosso haverá pancadas de chuvas nos próximos dois dias apenas na região de Campo Novo do Parecis, no sudoeste do estado. "Está tudo pronto e produtor vai entrar com a máquina no campo amanhã porque já estamos vendo o céu se fechando por aqui", diz a gerente do Sindicato dos Produtores de Campo Novo do Parecis, Vera Lúcia Cruz Garcia.
Os produtores da cidade devem usar quase que exclusivamente sementes do tipo superprecoce, que vão garantir a colheita entre o fim de dezembro e o início de janeiro e permitirão a safra de milho, girassol e algodão no inverno. Se o clima for favorável, a produtividade média será semelhante a de 2013/14, com 55 sacas por hectare.
Para as demais regiões do estado, a Somar recomenda cautela na semeadura porque o regime de chuvas só se instalará definitivamente em meados de outubro. Até lá, apenas precipitações pontuais intercaladas com alguns períodos de estiagem serão observados.
No Paraná, o fim de semana já foi de chuvas esporádicas e, com o solo úmido os trabalhos começarão no início de terça-feira (16/9), principalmente no extremo Oeste do Estado. Na avaliação informal da analista da Labhoro Corretora, Andrea de Sousa Cordeiro, entre 17,0% e 20,0% das sementes plantadas no estado devem ser do tipo precoce. "A cada ano o Paraná se mostra mais adiantado na safra de soja para poder ter uma safrinha de milho forte como ocorre em Mato Grosso".
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o plantio em setembro ocorre apenas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. Os demais estados começam o trabalho em outubro, quando as chuvas são mais constantes. A previsão de área destinada à soja em todo o país é de 31,62 milhões de hectares, segundo estudo divulgado na semana passada, 5,0% superior à da temporada 2013/14.
A estimativa por estado só será divulgada no relatório de outubro.
Apesar desta empolgação dos produtores em começar a plantar, não existe a mesma animação para comercializar a safra 2014/15. De acordo com Andrea, eles não acordaram para a nova realidade de preços do mercado, diante da expectativa de safra recorde nos Estados Unidos (mais de 106,0 milhões de toneladas) e de expectativa também abundante na América do Sul.
"Os produtores esperam um milagre e seguram a venda da soja, mas ao que tudo indica, os preços vão cair ainda mais no Brasil, acompanhando o que ocorre em Chicago".
Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), apenas 11,0% da expectativa da safra 2014/15 foi comercializada em Mato Grosso, ante 38,5% no mesmo período de 2013/14. No Paraná, 5,0% da estimativa foi negociada na comparação com 20,0% na safra passada, segundo acompanhamento do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Estado (DERAL).
Fonte: Valor Econômico. 16 de setembro de 2014.
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