A pecuária bovina brasileira ainda é pouco tecnificada e tem muito espaço para crescer neste campo. A avaliação é do diretor presidente da Fundação Espaço Eco, Roberto Araújo. A instituição, ligada à multinacional Basf, presta serviços na área de sustentabilidade.
"Quando o produtor melhora a qualidade do produto, ele pode até não receber mais por ele, por se tratar de uma commodity, mas pode ter uma facilidade maior para entrar no mercado", defende. "E não é só a carne. Você aproveita o boi para muitas outras coisas."
Na avaliação dele, a base do processo é o melhoramento genético. Segundo Araújo, em pelo menos metade das propriedades rurais do Brasil há cabeças de gado, seja na pequena produção ou em rebanhos de larga escala. No entanto, há uma defasagem de uso de reprodutores puros de origem, que aumentariam a qualidade da carne, do leite e de outros produtos.
"Quando o pecuarista troca o reprodutor, passa a ter animais de melhor qualidade. Há casos de criadores que quadruplicaram a produção de leite em três anos com a troca de apenas um animal. Há muito espaço para melhorar neste campo", afirma.
A partir do melhoramento do rebanho, diz ele, o criador ficaria estimulado a usar mais tecnologia. Araújo chama a atenção, por exemplo, para a necessidade de um tratamento melhor das pastagens. "Correção do solo, uso de fertilizantes, sementes de melhor qualidade. Tudo isso vai trazer uma competitividade muito grande para a produção brasileira."
Roberto Araújo acredita que a pecuária brasileira tem evoluído em matéria de sustentabilidade. Na avaliação dele, a questão essencial atualmente não é mais se a carne bovina é sustentável, mas a constatação de que ela é mais sustentável hoje do que era anos atrás.
O presidente da Fundação Espaço Eco lembra, por exemplo, dos avanços em práticas como a integração lavoura-pecuária-floresta como alternativa para aumentar a produtividade da pecuária ao mesmo tempo em que se utiliza de forma eficiente os recursos na propriedade.
"Esse é um dos grandes diferenciais que o Brasil tem. É possível produzir soja, milho e aumentar a produção de carne na mesma propriedade", destaca, comentando que, no Brasil, a área usada pela pecuária é o dobro da usada para a produção agrícola.
Mão de obra
Apesar da defasagem, a adoção de tecnologia na pecuária não é o principal gargalo do setor, afirma Roberto Araújo. Na opinião dele, o maior problema é a falta de mão de obra qualificada, assim como ocorre em outros setores da economia brasileira. O presidente da Fundação Espaço Eco reconhece que investimentos têm sido feitos, mas ainda são insuficientes considerando a demanda do país.
Fonte: Globo Rural. Por Raphael Salomão. de novembro de 2014.
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