Os efeitos da estiagem no Centro-Sul do país sobre a produção pecuária brasileira ainda não estão inteiramente contabilizados, disseram na sexta-feira (28/11), especialistas do setor.
Além de prejudicar a engorda dos animais e reduzir a oferta de animais prontos para o abate neste ano, a estiagem pode ter outros impactos no longo prazo. "Ainda não está claro o quanto nós perdermos na produção de bezerro e o quanto nós perdermos na recria. Com a seca, houve queda na qualidade e no peso médio do bezerro produzido neste ano. Esse é um cenário que leva a crer que o choque da oferta não acabou", avalia Sérgio De Zen, professor da Escola Superior de Agricultura (ESALQ) da USP e pesquisador do Cento de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA).
Segundo cálculos iniciais feitos pelo CEPEA, a seca deste ano pode ter reduzido em cerca de duas arrobas o peso médio do boi gordo abatido em Estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Paraná.
Considerando que o Centro-Sul representa aproximadamente 50% das vendas de bois no país, essa redução no peso pode representar uma perda de até um mês de abate no Brasil, considera De Zen. A perspectiva de outros analistas que participam de encontro promovido pela Scot Consultoria também é de que o cenário de escassez de oferta de boi gordo neste ano deve permanecer em 2015.
Com isso, os preços da arroba tendem a permanecer firmes no mercado físico. "Um crescimento significativo da oferta no país só deve acontecer em 2016. No ano que vem ainda vamos ter espaço para novas valorizações da arroba", diz Otávio Celidonio, superintende do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA).
Fonte: Estadão Conteúdo. 28 de novembro de 2014.
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