O dólar fechou em queda ante o real na terça-feira (6/1) interrompendo duas sessões seguidas de alta, com o relativo bom humor com a equipe do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Isso compensou o quadro de aversão ao risco nos mercados externos diante da persistente queda dos preços do petróleo.
A moeda norte-americana caiu 0,25%, a R$2,7019 na venda, após chegar a R$2,7240 na máxima da sessão. Na mínima, foi a R$2,6920.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$1,40 bilhão.
- Agora, esperamos que o dólar fique girando em torno de R$2,70, porque o cenário externo continua muito conturbado. Hoje tivemos um alívio em função do bom humor com a equipe do Levy, mas não vejo o dólar caindo muito mais do que isso - afirmou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Na véspera, Levy anunciou Marcelo Barbosa Saintive como o novo secretário do Tesouro Nacional, no lugar de Arno Augustin, e Jorge Rachid para a Receita Federal. Os nomes foram bem recebidos pelo mercado, que vem buscando sinais de comprometimento com as metas fiscais, em meio ao quadro de inflação alta e crescimento baixo.
Mas investidores ainda mostravam dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir a meta de superávit primário equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Além disso, dúvidas sobre a disposição da presidente Dilma Rousseff de aceitar medidas de contração fiscal limitavam o bom humor.
Mercado externo
No exterior, o ânimo ainda era negativo, diante da persistente queda dos preços do petróleo
- O dólar, que já vinha em uma trajetória descendente, com os mercados acionários ensaiando uma recuperação e o preço do barril de petróleo se afastando das mínimas, acentuou seu movimento de queda após dados fracos da economia dos Estados Unidos - disse João Paulo de Gracia Corrêa, gerente de câmbio da Correparti Corretora.
O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade do setor de serviços dos Estados Unidos caiu a 53,3 pontos em dezembro, de 56,2 pontos em novembro.
Já o índice do Instituto de Gerência e Oferta (ISM, na sigla em inglês) do setor de serviços dos Estados Unidos caiu para 56,2 pontos em dezembro, ante 59,3 pontos registrados em novembro. As encomendas à indústria caíram 0,7% em novembro ante outubro.
- Os dados dos Estados Unidos foram um pouco desanimadores. Se a economia global dá mostras de desaceleração, não há motivo para o dólar ficar pressionado - afirma Waldir Kiel, economista da H. Commcor.
Para Kiel, o mercado de câmbio também passa por um movimento de acomodação.
- O dólar subiu muito nos últimos dias, o que abre espaço para quedas - aponta.
Tendência de alta
A moeda norte-americana segue valorizada ante o real em decorrência da contínua queda nos preços do petróleo e dos rumores de que a Grécia pode deixar a zona do euro.
- Preços do petróleo abaixo de US$50,00 o barril e Grécia ameaçando precipitar nova crise na Europa alimentam a aversão aos ativos de risco em geral. Esse ambiente favorece o dólar ante ao real - afirma a SulAmerica Investimentos, em relatório.
Os contratos futuros do petróleo aprofundaram perdas nesta segunda, dia 5, com o WTI sendo negociado abaixo de US$49,00 o barril e o Brent cotado a menos de US$54,00. Os investidores continuam a temer as consequências do cenário de baixa demanda e alta oferta.
Grécia
Na Grécia, pesquisas para as eleições gerais convocadas para o dia 25 de janeiro apontam o Syriza, partido de oposição contrário às medidas de austeridade, como o favorito. A vitória de Syriza poderia levar a Grécia a voltar atrás nos programas e medidas fiscais praticados pelo atual governo, aumentando o risco de contágio em outros países da zona do euro. No entanto, em comunicado, o partido negou a saída do bloco econômico em caso de vitória.
Neste cenário, a moeda se valorizava nos mercados internacionais e o Dollar Index (que mede o valor do dólar norte-americano em comparação com uma cesta de moedas internacionais) operava em alta de 0,24%.
- No Brasil, o câmbio deve seguir a tendência de desvalorização frente ao dólar - diz Octavio de Barros, diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco.
Fonte: Canal Rural. 6 de janeiro de 2015.
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