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Commodities pressionam redução das exportações


Terça-feira, 23 de junho de 2015 - 16h09

As exportações gaúchas obtiveram menor desempenho em maio (US$1,6 bilhão), com a perda de US$392,5 milhões em vendas frente ao mesmo mês do ano anterior. Ainda assim, o Rio Grande do Sul ocupou a terceira posição no ranking nacional, com uma participação de 9,4% no comércio exterior do país, ficando atrás de São Paulo (22,8%) e Minas Gerais (10,6%). Os dados são da Fundação de Economia e Estatística (FEE) do Estado.

A queda acentuada dos preços das commodities agrícolas e minerais em nível mundial vem interferindo no valor exportado por países emergentes, que dependem principalmente da venda de produção primária. Neste grupo está o Brasil, que em maio vendeu US$16,7 bilhões para o exterior, seguindo uma sequência de resultados enfraquecidos ao longo dos primeiros meses do ano. Em maio, o decréscimo das exportações no País foi de US$4,0 bilhões, com -19,2% em valor e -23,7% em preços, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, apesar do crescimento de 5,9% em volume.

"Com a desaceleração da economia chinesa, os preços das commodities, que estavam superestimados, vêm se readequando desde 2011", observa o pesquisador da FEE, Tomás Torezani, referindo-se ao principal comprador da soja gaúcha. "Isso explica por que, em todos os estados do País, os valores exportados diminuíram, uma vez que a China se mantém como o destino líder do comércio exterior brasileiro." Segundo o técnico, ainda que em queda, os resultados do cenário de exportações em níveis nacional e estadual se mantêm em patamar elevado quando comparados ao início dos anos 2000.

Outro fator que contribuiu para um menor valor exportado foram os custos dos insumos para a indústria, que estão mais caros, pontua Torezani. "Além disso, a desvalorização do câmbio ainda não afetou positivamente as exportações", completa o pesquisador da FEE. Ele aponta ainda problemas de embarque, causados pelo excesso de chuvas e paradas técnicas no mês de maio, que interferiram na logística das vendas para o exterior. "Fato é que, mesmo com a superssafra deste ano, a saída de soja do país foi menor do que a habitual deste período", comenta Torezani, lembrando que o volume retido do produto deve ser escoado nos próximos meses.

No mês, a redução das exportações da agropecuária gaúcha foi de US$287,7 milhões, representando -34,3% em valor, -9,9% em volume e -27,1% em preços, em relação a maio do ano passado. Somente as vendas do grão de soja representaram US$270,7 milhões a menos (-11,4% em volume e -25,6% em preços). Também a indústria de transformação sofreu queda de US$ 102,3 milhões (-9,2% em valor, 12,5% em volume e -19,3% em preços), sendo que as principais baixas foram nos segmentos de derivados de petróleo (-US$86,8 milhões), veículos automotores (-US$31,0 milhões) e máquinas e equipamentos (-US$23,0 milhões). No setores de químicos, produtos alimentícios e fumo, os resultados foram positivos, com aumentos de US$29,4 milhões, US$19,2 milhões e US$19,4 milhões, respectivamente.

Já em relação aos primeiros cinco meses do ano, as exportações do Rio Grande do Sul acumularam US$ 6,3 bilhões. Em relação ao mesmo período anterior, houve um decréscimo de US$579,3 milhões, resultando em queda (de -8,4%) inferior à registrada no País (-17,1%). "Essa redução também foi fruto da queda nos preços (-17,1%), uma vez que, no período, houve um crescimento no volume físico exportado (10,4%), valor esse superior ao observado nacionalmente (2,9%)", conclui Torezani.

Fonte: Jornal do Comércio. 23 de junho de 2015.

 


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