A indústria brasileira de carne bovina espera iniciar já no mês de setembro os embarques do produto in natura para os Estados Unidos.
Foi o que afirmou o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Bovina (Abiec), Fernando Sampaio. "O mercado norte-americano estava entre as nossas prioridades para este ano", diz ele.
Na segunda-feira (29/6), o Ministério da Agricultura (MAPA) informou que depois de 15 anos de expectativa e negociações, o mercado norte-americano está aberto para a carne bovina in natura, assim como já ocorria para o produto industrializado.
A decisão vale para 13 estados (Bahia, Espirito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins) e o Distrito Federal. O governo e os frigoríficos avaliam que o mercado potencial é de 100 mil toneladas por ano.
O próximo passo, explica Sampaio, é definir a chamada equivalência do sistema de inspeção, o que é comum no processo de liberação de exportações. A partir disso, os frigoríficos brasileiros já poderiam ser habilitados para iniciar os embarques.
"De início, todas as nossas unidades que são habilitadas para exportar industrializado poderão embarcar matéria-prima. E a gente tem várias outras plantas que podem ser habilitadas para atender. Quem faz a habilitação é o Ministério da Agricultura e os Estados Unidos vêm auditar."
Comemorada pela indústria, a liberação do mercado norte-americano para a carne bovina in natura chega em um momento de pressão para a cadeia produtiva, especialmente a indústria. A arroba do boi gordo em patamares elevados, em função da pouca oferta de animais, têm elevado os custos da indústria.
E a margem de repasse para os preços fica limitada em função da demanda mais lenta por carne e das proteínas concorrentes, como a carne suína e de frango. "A gente vai abater de qualquer jeito. O que a exportação proporciona é uma rentabilidade melhor".
Essa rentabilidade viria, segundo Sampaio, especialmente pelas vendas de cortes dianteiros, que devem concentrar o maior volume embarcado para os Estados Unidos. O diretor executivo da Abiec explica que esse tipo de produto o "Brasil tem de sobra", e os norte-americanos demandam em grande quantidade para a produção, por exemplo, de hambúrgueres.
"Dianteiro, a gente sempre exportou para a Rússia e para o Oriente Médio e agora tem os Estados Unidos. A gente pode exportar qualquer corte, mas enxerga que a oportunidade comercial maior está nesse tipo de produto. Principalmente, quando você tem uma situação em que o boi está mais caro, isso ajuda a rentabilizar a carcaça muito melhor. Vou achar o melhor mercado para cada parte e agora vou ter um mercado grande para uma parte do boi que aqui vale pouco", afirma.
Fonte: Globo Rural. Por Raphael Salomão. 30 de junho de 2015.
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