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Usinas sofrem para processar restante da safra de cana por tempo chuvoso


Segunda-feira, 9 de novembro de 2015 - 05h50

Usinas de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil estão tendo problemas para processar o volume restante da safra 2015/16 em meio à intensificação das chuvas que dificultam as operações.

Chuvas que se iniciaram na parte final de outubro em áreas importantes de produção como Piracicaba e Ribeirão Preto praticamente não têm permitido operações de colheita, já que as máquinas não conseguem entrar nas lavouras.

Usinas buscam aproveitar qualquer janela de tempo seco para colher o máximo que puderem e deixarem menos cana nos campos para ser processada somente na safra que vem, a chamada cana bisada.

Mas essa tarefa parece cada vez mais difícil. De acordo com o sistema de acompanhamento do clima Thomson Reuters Agricultural Dashboard, choveu 60 milímetros na região de Ribeirão Preto desde 30 de outubro, com precipitações praticamente todos os dias, e deve chover mais 90 milímetros até 20 de novembro.

"Eu ainda não moí nem uma tonelada de cana este mês", disse Antonio Eduardo Tonielo Filho, diretor-geral do Grupo Viralcool, que possui três usinas em São Paulo e é associado da Copersucar.

Tonielo disse que ainda vai tentar processar todo volume disponível na unidade de Pitangueiras-SP, perto de Ribeirão Preto, mas que já dá como certo que ficará cana no campo na área de outra usina do grupo em Castilho-SP, divisa com Mato Grosso do Sul.

"Lá choveu mais. Vai ficar 10,0% da cana no campo, umas 200 mil toneladas". Essas chuvas de primavera são mais um agravante para uma temporada que já sofreu com precipitações acima do normal, com o fenômeno climático El Niño atuando fortemente e resultando em mais umidade ao sul do país.

As expectativas para o volume final de moagem estão recuando, mesmo com a safra se estendendo além do normal e a próxima devendo iniciar mais cedo.

Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial do grupo Alto Alegre, afirmou que o volume final de processamento do Centro-Sul deverá ficar abaixo de 600 milhões de toneladas, mesmo com uma disponibilidade total nesta safra estimada em 630 milhões de toneladas.

"Nós tínhamos esse ano (safra 2015/16) 16 milhões de toneladas de cana disponíveis, mas devemos moer entre 15 e 15,5 milhões", disse Figueiredo.

Para ele, o clima continuará sendo um fator chave do setor também na nova safra.

"Como a influência do El Niño ainda é muito forte, tanto aqui como na Ásia, o mercado de açúcar vai ficar muito voltado ao clima até o início da safra do ano que vem. Vai ficar cana para ser moída no início do ano que vem, mas tem que ver se o clima vai deixar moer".

A maior parte dos meteorologistas acredita que o El Niño vai continuar atuando no início do ano que vem.

Mas muitas usinas vão tentar seguir com operações para aproveitar os bons preços recentes.

Roberto Hollanda, presidente da Biosul, associação que congrega usinas do Mato Grosso do Sul, diz que as empresas vão reduzir manutenções ao mínimo necessário para poder aproveitar os períodos secos e colher cana que já está pronta nos campos.

"Se, por exemplo, um grupo tem duas usinas, ele para uma para manutenção e continua operando com a outra. Depois troca", afirmou.

Fonte: Agrolink. Por Marcelo Teixeira. 6 de novembro de 2015.


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