Pecuaristas, entidades e indústrias colocaram no horizonte uma nova data para a erradicação da febre aftosa no Brasil: 2020, ou seja, daqui a quatro anos. Essa data foi debatida - e aprovada - no "Forum 2020, o futuro do país sem a doença", que foi realizado na quarta-feira (25/11) na Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP).
A proposta é encerrar a vacinação até 2020. Os participantes do fórum acreditam que isso será possível se toda a cadeia produtiva se unir. A "parceria" vale também para outros países da América do Sul, como Paraguai, Equador, Uruguai e Peru. Assim, adianta Sebastião Guedes, presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa (GIEFA), toda a América do Sul pode vir a erradicar definitivamente a aftosa.
Segundo ele, o fim da doença agrega valor à carne brasileira, que vem ganhando espaço em países como, recentemente EUA e Arábia Saudita. "Eles pagam muito bem a carne oriunda de países nos quais os animais não sejam vacinados. O Japão, por exemplo, país que não importa gado brasileiro, chega a desembolsar US$20,00 mil pela tonelada de língua bovina. A mesma língua, de gado vacinado, é vendida a US$4,00 mil ou US$5,00 mil", ressalta Guedes.
No Brasil, apenas Santa Catarina possui o status de livre da doença sem vacinação. Estados como Paraná e Mato Grosso estudam deixar de vacinar o gado. Sebastião Guedes e o presidente da FAESP, Tirso Meireles, apoiam a medida. Outros especialistas, no entanto, são contrários. A Venezuela continua descuidando do combate à aftosa, segundo Guedes. "Melhorou ultimamente, mas é preciso muito mais", ele diz.
Representante de Santa Catarina, Enori Barbieri, vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado, que vende a arroba de carne a R$160,00, enquanto outros estados conseguem R$135,00/R$140,00, diz que é "extremamente prazeroso" ter vencido a luta e extinguido a vacinação do gado. "Mas é um trabalho penoso e caro e é imprescindível que pecuaristas, indústrias e entidades travem juntos a batalha."
Santa Catarina está sem vacinar desde o ano de 2.000. Todo animal tem uma espécie de carteira de identidade local. "Não é permitido entrar gado de outras regiões", diz Barbieri.
O Brasil já marcou outras datas para a erradicação da febre aftosa. Tanto Guedes como Meireles confiam que desta vez a meta será atingida. "Mas é necessário um trabalho conjunto", enfatiza Guedes. O Ministério da Agricultura não tinha representantes no fórum.
Exportações
De acordo com Antonio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), o setor se prepara para atender uma grande demanda chinesa por carnes no ano que vem. De acordo com o executivo, a previsão é que Brasil exporte, somente para a China, 20 mil toneladas/mês, o que corresponderia a US$1,00 bilhão durante todo o ano.
Fonte: Globo Rural. Por Sebastião Nascimento. 26 de novembro de 2015.
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