As exportações brasileiras de carne bovina deverão ter um impulso em 2016 com fortes embarques para a China, ajudando a recuperar os percalços sentidos pelo setor em 2015, projetou na sexta-feira (27/11) o presidente da entidade que representa as empresas exportadoras.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) estima que as exportações para a China deverão somar 200 mil toneladas no próximo ano, o equivalente a US$1,00 bilhão, disse o presidente da entidade, Antônio Camardelli, na sexta-feira.
No acumulado dos primeiros dez meses de 2015, as exportações totais de carne bovina do Brasil somaram US$4,80 bilhões e 1,10 milhão toneladas, queda de 18,0% no faturamento e 11,0% no volume.
O mau desempenho no ano é atribuído principalmente a dificuldades em mercados tradicionais como Rússia e Venezuela, abalados pelos baixos preços do petróleo, além de redução nos embarques para Hong Kong.
O mercado chinês de carne bovina foi reaberto ao Brasil este ano e, segundo Camardelli, as exportações já ocorrem efetivamente há cinco meses.
Em outubro, o país asiático já foi o segundo principal destino dos embarques de carne bovina do Brasil.
"A abertura do mercado da China foi uma dádiva para nós", disse o executivo em um encontro de analistas organizado pela Scot Consultoria.
Camardelli evitou fazer projeções para o resultado total das exportações em 2015 e em 2016.
Para dezembro e janeiro, pontualmente, a ABIEC estima que os embarques de carne bovina para o país asiático deverão desacelerar devido à redução de compras antes do Ano Novo chinês, comemorado no início de fevereiro.
O Brasil já tem oito unidades de abate exportando efetivamente para a China. Há cerca de dez dias, três novas plantas foram autorizadas a embarcar.
"Após a última visita deles (chineses), temos perspectiva de mais três. Seriam 14 no total. E mais uma série de empresas listadas (na espera), que estão dentro de um processo de negociação comercial", afirmou.
A ABIEC estuda, inclusive, abrir na China seu primeiro escritório fora do Brasil, revelou o executivo, sem falar em um prazo. A expectativa é que a representação possa ajudar empresas brasileiras e diplomatas a negociar novos acordos.
"É um país que compra tudo que é parte do boi, inclusive partes que os outros não compram. É necessária uma proximidade e uma presença mais institucional, para ajudar a embaixada, do adido agrícola, porque é um mercado que se consolida como um dos maiores."
Aquisições no Brasil
Investidores chineses estão buscando também oportunidades para comprar participações minoritárias em frigoríficos de pequeno e médio porte no Brasil, o que comprovaria o interesse da China em garantir fluxo de carne bovina, disse Camardelli.
"A gente foi procurado (por investidores chineses) e mostrou o portfólio de indústrias", afirmou o executivo, dizendo não ter detalhes adicionais sobre negociações em andamento, uma vez que elas não ocorrem com participação da ABIEC.
Fonte: Agrolink. Por Gustavo Bonato. 30 de novembro de 2015.
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