A contratação de crédito rural nos primeiros seis meses da safra 2015/16 (julho-dezembro) chegou a 41,0% do total disponível. No mesmo período do ciclo passado, a contratação equivalia a 49,0% do total. Em volume financeiro, no entanto, há um pequeno avanço: passou de R$76,30 bilhões para R$76,49 bilhões. Os dados foram apresentados na quinta-feira (14/1) pelo ministro interino da Agricultura, André Nassar, secretário de Política Agrícola da pasta.
Os números não incluem os desembolsos feitos para os pequenos produtores. Quando os agricultores de menor porte são incluídos, há uma queda de 2,0% nos recursos liberados, como antecipou na quarta-feira (13/1) a Agência Estado. Nassar relatou que as linhas de custeio, sem os pequenos produtores, acumularam desembolso de R$51,30 bilhões de julho a dezembro de 2015, ante R$42,50 bilhões em 2014. Para comercialização foram R$12,20 bilhões contra R$12,40 bilhões no período anterior. Já os investimentos recuaram de R$21,40 bilhões para R$13,00 bilhões.
Apesar de, no volume global do crédito rural, ter sido registrado um pequeno avanço na liberação de recursos, em números de operações ou contratos houve um recuo de 18,1%. O secretário traçou um cenário otimista para a safra. "Depois da supersafra passada, teremos a de 2015/16 crescente. Em um ano de redução de investimento e de crescimento de custeio menor, termos uma boa safra", observou.
Segundo ele, os dados mostram que o Ministério acertou ao priorizar o custeio nas negociações com o governo sobre o Plano Safra 2015/16. Na visão dele, esse maior foco no crédito de custeio levou a uma "supersafra". "A agricultura não perdeu a confiança ainda, segue confiante", disse.
Para as linhas de comercialização, que vinham apresentando desaceleração em meses anteriores, ele projetou uma retomada. Para os investimentos, pondera não ser possível um avanço. "Com o produtor vendo risco no cenário, ele opta por se comprometer no curto prazo e pouco no longo", argumentou.
"Os produtores estão reduzindo seu apetite por investimentos nesta safra. Os bancos também estão mais seletivos em função de cenário de risco, e isso refletiu em menor quantidade de operações no geral", disse.
Do total programado de investimentos para safra, 34,0% já foi aplicado; no ciclo anterior havia sido 49,0%. Nassar explicou também que o Centro-Oeste é a região que mais investiu, com 32,0% do total aplicado até agora.
Nas linhas de comercialização, ele disse que o ritmo segue lento, mas que quando entrar a safra de grãos, Sul e Sudeste devem demandar mais recursos. De acordo com o ministro interino, o crédito rural para custeio e comercialização obtido junto a bancos públicos cresceu 33%; nos privados, houve recuo de 14%; e nas cooperativas, estabilidade.
LCA
Os bancos públicos são os que mais têm emprestado recursos do crédito rural por meio das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Como antecipado na quarta-feira (13/1) pela Agência Estado, de julho a dezembro do ano passado, a primeira metade da safra 2015/16, as contratações de crédito rural que tinham essa fonte como financiamento cresceram pouco mais de 23 vezes, passando de R$60,00 milhões em igual período de 2014 para R$1,40 bilhão, com valor médio de R$421,50 mil por operação.
Apesar desse avanço, a expectativa do governo, de contratar R$30,00 bilhões em operações desse tipo até o fim da safra, em junho próximo, não deve se concretizar. "Nosso ponto de preocupação são os recursos livres. Nós estimamos R$30,00 bilhões de LCA e até agora foram R$1,10 bilhão e não vamos atingir essa expectativa", disse André Nassar.
Ele acrescentou que "no fim da safra não vamos executar os R$187,00 bilhões estimados no lançamento do plano. Nos bancos privados, as LCAs ainda não decolaram", avaliou. Apesar de ter sido direcionado pouco mais de R$1,00 bilhão para as LCAs, as emissões ficaram em R$55,00 milhões. Segundo Nassar, é cedo para anunciar qualquer coisa relacionada à LCA e ao crédito livre para a próxima safra.
"Operar com a exigibilidade das LCAs é algo que os bancos ainda estão aprendendo. Queremos que os bancos sejam mais agressivos no uso de LCA", afirmou. O executivo ponderou, ainda, que essa é uma safra com rentabilidade menor, mesmo com câmbio melhor. Ele garantiu, no entanto, que o governo sempre vai perseguir crescimento do plano safra, sobretudo em juros controlados. "O importante para próxima safra é fazer decolar a LCA", disse.
Fonte: Estadão Conteúdo. 15 de janeiro de 2015.
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